Considerados a base das refeições das famílias brasileiras, o arroz, feijão e carne tiveram um aumento médio de preço de 33,7% no acumulado de 12 meses até agosto deste ano. O levantamento foi feito pela Fecomércio-BA com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, especificamente para a Salvador e região metropolitana.
Dentre os três produtos, o preço da carne disparou: alta de 35,2%. O músculo, por exemplo, subiu 48,1%, e o fígado, 46,3%. Já o feijão carioca teve um aumento médio de 28,3%, pouco superior aos 26,2% da elevação do preço do arroz.
“Alguns fatores explicam esses aumentos mais acentuados de preço. Primeiro ponto é que a reabertura da economia e o auxílio emergencial motivaram um aumento da demanda por produtos básicos e, por consequência, isso pressiona os preços nas gôndolas”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze. “Outro ponto é o dólar mais caro. Alguns produtores, como o caso de carnes, optam por destinar parte da produção ao exterior e, consequentemente, reduzem a oferta interna pressionando mais os preços”, acrescenta o economista.
Importações
Além disso, a desvalorização do real também faz com que as importações de produtos finais e insumos para produção fiquem mais caros e há o repasse ao consumidor. Todo esse conjunto de explicações contribuiu para que o grupo de alimentos e bebidas, que envolvem outras centenas de produtos também importantes para a mesa dos consumidores, registrasse forte elevação de 11,4%. A Assessoria Econômica aponta que o grupo tem um peso de 22% no índice geral, sendo o mais relevante. Mesmo com a queda nos preços de alguns produtos, como repolho (-18,7%), cenoura (-16,2%), batata-inglesa (-8,1%) e cebola (-7,2%), não foi suficiente para amenizar o aumento do grupo de alimentos.
Um ponto positivo é que, em agosto, o grupo alimento e bebidas apontou recuo médio de 0,19%. “Ainda é pouco para o crescimento nos últimos 12 meses, mas tende a ser um sinal que alguns impactos devem ser pontuais e que não há um aumento desenfreado para um alarde geral e ida aos supermercados”, aponta Dietze.
No geral, a inflação na RMS se mostra mais equilibrada, com alta em agosto de 1,3% e acúmulo de 3,22% em 12 meses. Porém, influenciado pela baixa demanda de itens não essenciais como é o caso do grupo Vestuário que teve preço médio retraído em 6,77%, e artigos para residência (-2%). O grupo de transportes registrou queda média nos preços de 2,5%, puxado pela redução nos preços dos combustíveis (-3,7%).
“Em resumo, o aumento de preços de alimentos e bebidas, que corresponde a um quinto do orçamento doméstico, bem acima da inflação geral influencia na perda de poder de compra das famílias. Ou seja, para a manutenção da mesma cesta de produto que se consumia há um ano, as famílias estão tendo que tirar de áreas tão importantes como habitação, saúde, transportes, etc”, diz Dietze, acrescentando que “algumas famílias que não conseguem reduzir consumo em nenhum grupo, vão para o limite, pegam crédito e ficam inadimplentes. Fato este que as pesquisas da Fecomércio-BA vêm mostrando ao longo dos últimos meses”.