Iarodi D. Bezerra*
Entristeci diante do meu erro. Tudo aconteceu de modo muito rápido. Parei em frente à vitrine da loja de cristais. Contemplei as peças dispostas sobre as prateleiras. Elas brilhavam ao toque dos raios solares. No instante estava lá dentro, ardendo uma vontade de…No mesmo instante as vi no chão, espalhadas em milhares de pedaços brilhantes!
Quando olho o mundo à minha volta, percebo o quanto estamos inseridos em uma sociedade de impulsos. Não é incomum encontrar por aí pessoas que têm vivido as suas vidas totalmente sem limites, desenvolvendo as suas próprias leis. Logo me recordo do profeta Raul Seixas, que nos anos 80, já profetizava sobre os palcos e através das rádios, algo que remetia ao nosso tempo atual: “Faça o que tu queres, pois há de ser tudo da lei.”
O pensamento dos impulsivos vem ganhando ainda mais força por atuarem sob a égide da autenticidade e liberdade. Porém, o que se vê na prática é a pura deformação moral da sociedade, onde ofendem e agridem a quem estiver próximo de maneira gratuita. Quantas não são as pessoas que se encontram em desorganização mental e emocional por serem vítimas dessa práxis? Muitas delas encontram o freio de seus impulsos por meio da medicação ou comportamento autodestrutivo. E os dramas familiares? Que sofrem por escolhas impensadas de um integrante.
Se olharmos mais para dentro das casas, veremos como recorte dessa sociedade, a imposição de desejos dos filhos sobre a autoridade dos pais. E, esses, para não lidarem com as consequências do limite, tornam-se permissivos
Se fizéssemos um corte na estrutura da mente de uma de uma pessoa impulsiva, poderíamos encontrar a seguinte anatomia: alta expectativa, ação para consegui-la e prazer pelo êxito ou frustração pelo insucesso. Além da grande quantidade de ansiedade presente.
No entanto, o sofrimento é quem orquestra as ações dos reizinhos que governam a sociedade dos impulsos. Existem aquelas pessoas que alcançam o sucesso do desejo, mas após feito, reflete e arrepende-se, entristecendo. Porém, há um segundo tipo de gente, sofre com a frustração em não ter conseguido o sucesso, mergulhando em níveis tão profundos de depressão que os levam a comportamentos de automutilação e infelizmente a um último ato…o suicídio!
Essa é a realidade da sociedade dos impulsos. Marcada, sobretudo, pelo alto índice de pessoas sendo diagnosticadas com alguma patologia ligada a impulso, como o TDAH é um sintoma. Se olharmos mais para dentro das casas, veremos como recorte dessa sociedade, a imposição de desejos dos filhos sobre a autoridade dos pais. E, esses, para não lidarem com as consequências do limite, tornam-se permissivos.
O fato é que, a mente marcada por impulso precisa de um freio antes das consequências de seus atos. Uma delas é parar de justificar o injustificável. A outra, encarar de frente o que poderá acontecer. E por fim, fugir…sim, fugir da aparência do mal!, pois não é porque aquilo ali é do campo do desejo que precisa ser conquistado. Fuja!
Sabe, reconhecer-me como integrante ativo dessa sociedade dos impulsos fora doloroso, pois as peças de cristal que se espatifaram pelo chão eram de grande valor…
Iarodi D. Bezerra
Psicoterapeuta – Escritor
@iarodibezerra
Excelente reflexão!!