A Bahia está tocando “o maior programa de infraestrutura da sua história”, disse o secretário da Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti, durante sua participação na 2ª Edição do Radar Bahia, realizada nesta quarta-feira (27), no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Ele destacou avanços na área aeroportuária, como a entrega recente do novo aeroporto de Vitória da Conquista, e as concessões em andamento para a construção de equipamentos em Luís Eduardo Magalhães, na Costa do Dendê e em Porto Seguro. Além disso, foram construídos ou recapeados mais de 4 mil quilômetros de rodovias.
Ele lembrou que a escassez de recursos, principalmente na esfera federal, impacta na capacidade de melhorias maiores. “Nós temos rodovias federais que estão há 9 anos contratadas, como a BR-101, a BR-137, que só foi feita até Jaborandi, e a BR-030, que é uma demanda grande para a região da Península de Maraú”, exemplificou.
Entre as ações para acelerar as soluções dos problemas, Cavalcanti destacou a união com o setor produtivo. Como exemplo, citou a parceria com produtores rurais na região Oeste, que já viabilizou a melhoria centenas de quilômetros de estradas. Neste caso, o governo criou um fundo que devolve o ICMS para a aplicação em rodovias. O secretário disse que o Estado está projetando uma parceria semelhante com as indústrias, para a recuperação dos centros industriais.
Gargalos
Se, por um lado, a Bahia teve avanços na solução de problemas antigos na área portuária, o arrendamento de dois terminais de granéis sólidos no Porto de Aratu, a concessão das BRs 324 e 101, sob gestão da Via Bahia, e a renovação antecipada da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) seguem como pontos de preocupação, apontou o secretário de Infraestrutura.
“A briga da Via Bahia com o governo federal é um importante gargalo. Se a gente não tiver um acordo no Tribunal de Contas da União, qualquer solução que vier será péssima para a Bahia. Se é para a concessionária sair, precisamos de um período de transição para que a empresa faça os investimentos”, avalia.
Ele lembrou que nos últimos anos o Ministério da Infraestrutura manteve uma disputa com a concessionária, perdendo em todas as instâncias judiciais em que o caso foi analisado.
Mas é na área ferroviária em que se encontram os maiores desafios, acredita Cavalcanti. “Temos o maior gargalo hoje na infraestrutura ferroviária. Falamos dos nossos terminais portuários, mas eles não respiram sem acessos ferroviários. Uma carga pode rodar por rodovia até 500 quilômetros. Mas aqui no Oeste se roda muito mais que isso. A Bamin está escoando minério de ferro por rodovias”, exemplificou.
Segundo o secretário, o governo estadual já se posicionou contra a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) nas condições atuais. “Este modelo não atende à Bahia. Pedimos que retirem os trechos baianos da renovação, desde que se indenize o que não foi feito. Só aceitamos a renovação caso haja o compromisso de renovar em quatro anos os trechos ferroviários até Minas Gerais e que se resolva o tráfego em Camaçari, Cachoeira e São Felix”, enumerou. “Sem dúvida, será a maior disputa jurídica e política para resolver nos próximos anos”, projetou.
Na área ferroviária, outro ponto de preocupação está na Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). O primeiro trecho da obra, entre Caetité e Ilhéus, está sendo concluído pela Bamin, mas os segundo e terceiro trechos ainda serão licitados. Marcus Cavalcanti disse que é preciso ter atenção para o terceiro trecho, que, acredita, não deveria se conectar com a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópilis, porém mais próximo da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), “para tornar o Porto Sul caminho mais competitivo das cargas do Centro-Oeste para cá”.
Ponte Salvador-Itaparica
O secretário de Infraestrutura disse que a dragagem inicial do novo canal de acesso ao Porto de Salvador, necessária para a implantação da Ponte Salvador-Itaparica, deve se iniciar ainda este ano. Ele foi questionado pelo jornalista Geraldo Bastos, editor-chefe do Portal BA de Valor, sobre a obra e garantiu que a ponte sairá do papel. “A pandemia atrapalhou, mas a Ponte Salvador-Itaparica”, assegurou.
Segundo ele, tem também um componente geopolítico. “Todas as empresas chinesas são estatais, mesmo as que dizem não ser. Os posicionamentos do governo brasileiro recentemente em menções contra a China atrapalham, mas tivemos conversas e as coisas estão avançando”, garantiu o gestor.
Qualidade de vida no interior
Os desafios de quem trabalha com infraestrutura foram acelerados com as mídias digitais, disse Cavalcanti. “Hoje, o cidadão está passando por um local, vê o problema, tira uma foto e quer a solução imediatamente”, declarou.
Destacando a importância das obras para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, ele falou sobre os gargalos que a Bahia ainda tem, mas lembrou de uma série de melhorias que foram realizadas nos últimos anos. “O grande desafio que a Bahia tem em relação aos investimentos é o de ser a sexta economia nacional, mas ter a maior população que depende de programas sociais e o de ter apenas a 16ª arrecadação”, explicou.
Ele ainda acrescentou as dimensões territoriais do estado e os desafios de atender a população que vive nas cidades do interior. “Hoje o interior da Bahia tem uma qualidade de vida muito melhor que na periferia da Região Metropolitana de Salvador e mesmo em alguns bairros de Salvador. Isso demanda infraestrutura de qualidade para atender a este público”, explicou.
*A segunda edição do Radar Bahia conta com o patrocínio do Banco do Nordeste (BNB), Bahiagás e Acelen e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio), Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Daten Tecnologia, Let’s Go Bahia, Associação de Jovens Empreendedores da Bahia (AJE), Solutis, Grupo LemosPassos, Heineken, ACP Group, Kinvo, Z6 Náutica, Renova Soluções em Tecnologia, Shopping Bela Vista, Beetools, UniFTC, ITS Brasil, Business Bahia, Networking Bahia, Grupo Bons Negócios, Desenbahia, Abap-Ba, Home Design e Duplamente Pesquisa de Mercado.