“Quando uma mulher entra em um negócio, geralmente ela acelera o processo de crescimento, e no mercado náutico não poderia ser diferente”, com essa afirmação Ágatha Wicks, CEO da Z6 Náutica, empresa baiana especializada em produtos e serviços náuticos, revela como é ser mulher em um mercado pouco navegado por elas. Nesta entrevista exclusiva ao BadeValor, ela conta sua história ao se consolidar como uma referência empreendedora neste oceano de possibilidades.
BadeValor – Como entrou e quais desafios encontrou no mercado náutico?
Ágatha Wicks – Quando entrei na náutica, há 10 anos, meu marido tinha uma pequena loja de peças e manutenção de motores. Nessa época procurei estudar o mercado e acabei me apaixonando pelo setor. A partir daí, nos tornamos uma empresa completa. Hoje comercializamos peças, serviços, motores, embarcação, acessórios e muita diversão. Somos um verdadeiro shopping náutico, com uma variedade de 2,5 mil itens de produtos. nossa diversidade de produto atrai os mais exigentes consumidores do mercado.
BV – Como está o mercado náutico na Bahia? Quanto esse mercado movimenta?
ÁW – O mar é algo fascinante e, por isso, embarquei nessa aventura a bordo da Z6 Naútica com base, ainda, em terra (risos). Esse mercado está em constante crescimento, não dá para medir exatamente porque nos falta uma pesquisa específica, voltada para este mercado, mas movimenta cerca de 30% do PIB baiano.
BV – Agora é que são elas…No mar?
AW – Trabalhar no mundo náutico corresponde a trabalhar com um público 95% masculino. Eles são muito exigentes, mas de fácil acesso. Requer um atendimento diferenciado e personalizado e nossa equipe é treinada para melhor atendê-los, e a elas também! Neste negócio fascinante, os homens comandam bem, esse é o seu universo, mas tem se tornado nosso negócio, nosso espaço da mesma forma. Dá para comparar com o mercado automotivo, em que eles ainda são a maioria. Mas hoje eles não são os únicos timoneiros das embarcações, nós já chegamos para ficar nesse mercado, empreender e manejar com as lanchas, veleiros, jetski e outros.
BV – De que forma você atua neste mercado?
AW – Atualmente eu atuo na administração das lojas Z6, nos projetos voltados para os esportes do mar e dos produtos desse setor, de eventos, como nosso BazarEco que é sensacional e foi um grande sucesso este ano! Também atuo na área de patrocínios a esportes e manager com planejamento e ações na náutica, sempre seguindo o caminho da sustentabilidade.
BV – Como é para uma mulher empreender neste setor?
AW – Como em todos os setores tem que ter conhecimento e na náutica não é diferente. Precisamos inovar sempre, usar a tecnologia a nosso favor. É saber lidar com as necessidades do cliente, de quem ama e vive do mar. Conhecimento sobre o que se faz é fundamental para o sucesso e para nós mulheres é mais do que isso, é muito responsabilidade, envolvimento e respeito. Para o público masculino, precisamos impor respeito, ter um atendimento personalizado e criar fidelidade.
BV – A Bahia é permeado por mar, mas é uma referência no setor? Quais os gargalos e desafios do setor?
AW – A Bahia tem tradição, sim! A nossa Baía de Todos-os-Santos tem um enorme potencial pra trazer muitos investimentos como também atrai adeptos do setor náutico. Somos referência. O que falta é mais estruturas, como marinas, rampas de acessos e guarderias.
Na nossa empresa, em inovação, sempre buscamos parcerias com grandes marcas, que é uma grande tendência e traz visibilidade. O cliente mudou, precisamos criar momentos, emoções e transmitir confiança! No marketing, trabalhamos com as redes sociais, site e criamos ações constantemente. Os desafios que enfrentamos são a falta de produtos nacionais e a oscilação do dólar, já que a maioria dos produtos que comercializamos são importados.
Mas se falarmos em gargalos, sem dúvida precisamos vencer a sazonalidade e entender que o mar da Bahia é favorável o ano todo. O mercado do mar é infinito aqui [na Bahia], mas no período do inverno o movimento diminui. Mas o segredo do sucesso é buscar a sua melhor versão para o mercado em que vive.
BV – Quais os planos para este ano em relação aos empreendimentos novos, projetos de expansão e investimento?
AW – Estamos com o projeto “Viva um verão inesquecível Z6 Naútica”. Vamos buscamos ações sociais, ecológicas e beneficentes para dar apoio aos esportes, ao atletas, as crianças carentes, aos campeonato de pesca, rally náutico, contemplação com canoa havaiana, travessias de Stand Up. São várias ações, inclusive de conscientização de limpeza das praias com as crianças da Gamboa, regado ao som do jazz e com muitos drinks nas marinas, além de passeio de veleiro ao pôr do sol na Baía de Todos-dos-Santos.
De novidade temos a abertura do “Espaco Zen Nautico”, na Marina de Aratu, esse espaço é algo inovador! Para este ano, ainda estamos implantando abertura de franquias da Z6 Náutica na região de Aracaju e Porto Seguro. Ao total, vamos investir cerva de R$ 600 mil.
BV – Sobre o BazarEco Náutico, quanto cresceu em relação à edição passada e quanto movimentou em negócios? Quais itens foram mais procurados?
AW – O BazarEco teve uma grande diversidade de produto. Foram peças, acessórios, decoração, cotas náuticas para veleiro, motores e lanchas que movimentaram em média R$ 500 mil. Teve muita procura de produtos de salvatagem, pirotécnico, tinta venenosa e embarcações. Esse é o quarto Bazareco e a cada ano vamos nos aperfeiçoando e buscando novos expositores. Este ano, crescemos em torno de 30%. Foi tudo muito positivo. Os expositores ficaram satisfeitos e o público animado e bem diversificados. Sucesso no aumento de público e de expectativas de crescimento para o próximo. Que venha a 5ª edição do BazarEco!