A Sowitec, empresa de origem alemã que é referência no mercado de energias renováveis desde 1993, anunciou a nomeação do baiano Rafael Valverde como seu novo Diretor Executivo, no Brasil. Com mais de duas décadas de experiência no setor, Valverde assume o cargo em um momento estratégico para a empresa. Nesta entrevista exclusiva ao BA DE VALOR, ele fala sobre seus projetos e pretensões à frente da Sowitec Brasil, que é a maior operação do grupo Sowitec em todo o mundo, destacando-se como uma das principais desenvolvedoras de projetos de energia renovável no país.
BA DE VALOR – Quais são suas principais prioridades para a empresa nos próximos 12 meses e como pretende alcançá-las?
Rafael Valverde – A Sowitec, historicamente, é um dos grandes players do mercado, com atuação em diversas regiões do país e trabalhando diferentes recursos energéticos. No curto prazo, a prioridade é reavaliar as premissas externas que impactam diretamente o nosso negócio, trabalhando com os stakeholders estratégicos na mitigação de riscos e potencialização dos aspectos positivos, retomando a liderança técnica da Sowitec nessas discussões. Para tal, temos reforçado a nossa atuação perante o mercado, atuando mais próximo de outros players e governo, além de revisar todo o nosso portfólio, com o objetivo de incrementar a sua competitividade, uma vez que já possuem qualidade reconhecida pelo mercado.
A agenda verde e de transição energética que o país segue é um forte indicador para nós, que temos avançado prospectando e desenvolvendo projetos em novas áreas
BV – Com a Sowitec Brasil sendo a maior operação do grupo no mundo, quais são os principais desafios que você antecipa para consolidar ainda mais a liderança da empresa no país?
RV – Entre os principais desafios estão a área ambiental e o setor elétrico que tem sofrido com o risco de judicialização. Adicionalmente, uma aproximação com os territórios com o objetivo de criar um relacionamento harmonioso, transparente e positivo com os stakeholders locais. Engajamento é a palavra de ordem.
Há também as questões associadas à conexão dos empreendimentos. É sabido que o Sistema Interligado Nacional, até 2029, sofrerá para viabilizar os novos empreendimentos e, por fim, a demanda. Precisamos crescer o consumo de energia elétrica para justificar a entrada de novos empreendimentos, preferencialmente, associado a uma estratégia que passe por manter a descarbonização da nossa matriz.
BV – A Sowitec tem uma sólida presença em projetos de energia eólica e solar. Existe alguma intenção de expandir para outras áreas de energia renovável, como biocombustíveis ou energia das ondas, no Brasil?
RV – No momento não. A Sowitec está focada em consolidar e expandir sua liderança em projetos de energia eólica e solar. Entretanto, somos uma empresa aberta a explorar novas oportunidades e tecnologias emergentes que possam complementar sua estratégia de sustentabilidade e diversificação energética.
BV – Com a sua vasta experiência em regulação energética, como avalia o atual cenário regulatório brasileiro para energias renováveis? Quais mudanças acredita que seriam benéficas para o setor?
RV – O setor elétrico tem uma regulação bastante consolidada. Mas ainda enfrenta desafios que podem ser melhorados para promover um crescimento mais rápido e eficiente do setor. De imediato, poderiam ser revistos alguns dos critérios que são utilizados como critérios de operação para o sistema de transmissão, que permitiriam liberar margem potencial na rede sem investimentos adicionais. É reconhecido que a atuação do Operador Nacional do Sistema é conservadora neste quesito, mas que tem levado a um alto nível de restrições para os projetos, bem como, elevando a operação termelétrica ocasionando uma energia mais cara para o consumidor. A revisão dos encargos setoriais seria importante e uma estratégia possível para baratear também o custo de energia. Eletricidade competitiva, estímulo ao consumo, novos investimentos no horizonte.
BV – Em termos de investimentos, quais são as principais áreas ou projetos que a Sowitec Brasil está planejando para os próximos anos? E como você pretende atrair investidores para esses empreendimentos?
RV – Os principais recursos eólicos e solares do país estão localizados no Nordeste brasileiro, entretanto, é a área que mais sofre com a questão da conexão, o que impede o aproveitamento desse gigantesco potencial. Por isso, temos ampliado a nossa atuação para outros estados do Sudeste e Centro-Oeste, buscando regiões onde a produção de energia possa ter um escoamento sem restrições. A atração de novos investidores é uma consequência direta das ações que estão sendo encaminhadas: projetos mais competitivos, com investimentos em tecnologia e eficiência, conexão disponível e uma atuação junto aos stakeholders estratégicos buscando estimular a demanda.
A Sowitec, historicamente, é um dos grandes players do mercado, com atuação em diversas regiões do país e trabalhando diferentes recursos energéticos
BV – O que você considera ser a maior oportunidade para o setor de energias renováveis no Brasil no curto e médio prazo, e como a Sowitec está se posicionando para aproveitar essa oportunidade?
RV – O mundo, atualmente, possui uma demanda por energia limpa que é crescente. Neste cenário, o país que, historicamente, se destacou por sua matriz elétrica predominantemente renovável, pode agora exercer uma liderança ainda maior e em nível global, disponibilizando todo o seu potencial energético para o mundo, a exemplo do hidrogênio verde. A agenda verde e de transição energética que o país segue é um forte indicador para nós, que temos avançado prospectando e desenvolvendo projetos em novas áreas, buscando locais próximos dos centros de consumo, ou de grandes unidades consumidoras como potenciais produtores de hidrogênio. Essas bandeiras são suficientes para garantir uma expansão sustentável do setor por mais de uma década, mas precisamos garantir a implementação dos regulamentos e resolver os problemas de demanda e conexão. Este cenário, sendo positivo, a Sowitec será líder no país no desenvolvimento desta tecnologias.
Leia também: Baiano assume diretoria da Sowitec no Brasil