Por Joana Lopo
Em formato de bate-papo, o Abará About – evento voltado para empreendedores e interessados em startups – aconteceu nesta quinta-feira (14), no Hub Salvador, com o tema “Descomplicando o Crescimento das Startups”. Nomes de destaque no mercado, como o CEO da Intera, Augusto Frazão, e o CEO da Sanar, Bira Mercês, trocaram experiências e abordaram assuntos específicos do dia a dia de quem empreende neste segmento. O objetivo do encontro, que contou com cerca de 30 inscritos, foi a troca de ideias entre os participantes, tantos os mais experientes como os estão iniciando, para que possam formar uma rede de contatos e soluções.

“Nossa comunidade são as startups em geral, desde as que estão em processo de escalonamento até as veteranas. Por isso optamos sempre por ter em nossos eventos diversos fundadores em todas as fases de desenvolvimento e que atendam a mercados diferentes. Queremos trazer as mais variadas visões e experiências sobre o tema”, disse o líder de comunidade do Hub Salvador, Enzo Alves.
Segundo ele, o Abará About é uma prévia para o Pitch Week 2021 (https://pitchweek.com.br/), evento voltado para as comunidades de inovação do Norte-Nordeste, que ocorrerá em dezembro próximo e será realizado no Hub Salvador, com parceria com a Light House e a 3C Invest. “O Pitch Week é muito importante para o setor e vem para conectar as empresas entre si, assim como para abrir possibilidades de investimentos nacionais e internacionais em apoio às startups”, destaca Alves.
Tecnologia é tudo
Para ser startup (empresa de base tecnológica com alta possibilidade de escalonamento), portanto, é preciso ter uma base tecnológica e de inovação sólida, o que não significa dizer que a empresa trará algo novo, mas que vai aperfeiçoar o que já existe no mercado. Por isso, a tecnologia nesse segmento é imprescindível e é o que faz o negócio escalar com mais agilidade.
Embora relativamente recente, este modelo de negócio cresceu muito nos últimos anos. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o número de empresas deu um salto de 4.100 para 12.700 entre os anos de 2015 e 2019. E a tendência é crescer mais, especialmente em função do Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador, que entrou em vigor em junho deste ano e promete desburocratizar o setor, assim como de estimular mais investimentos e negócios.

Especialistas concordam que para superar obstáculos e alcançar os resultados esperados, os empreendedores precisam atentar para as quatro fases do negócio: ideação, produto ou MVP (validação), tração (crescimento) e autossustentação ou scale -up.
Mas para Bira Mercês, CEO da Sanar – startup que atua em toda a jornada médica através de uma plataforma de educação online -, as duas principais são validação e crescimento, mas sem esquecer das outras.
“Claramente as empresas tem dois momentos, o do zero ao um, e o de um ao infinito. Na minha visão o um ao infinito é a mais difícil, pois não somos treinados a lidar com crescimentos tão rápidos. É importante se acostumar com a máxima de que se tudo melhorar tudo piora, vide que são mais processos, mais clientes, os erros são maiores, concorrentes, novos investidores etc. Dito isso, no crescimento você passa a se preocupar com muito mais dimensões do que na validação, quando não se preocupava com isso. Acrescente ao fato que no sucesso as dinâmicas de mercado vão mudar rápido e você precisa estar preparado para tanta variação num espaço curto de tempo”, alerta Mercês.
Para ele, lidar com startups é um movimento de construção e desconstrução constantes a fim de se atingir um produto ou serviço que sejam transformadores. Por isso é fundamental que haja investimento em tecnologia de ponta, além da criatividade. “Quem investe nessa área tem que ser visionário e não ter medo do próprio talento. Tem que se abrir para inovações e criar valores”, dá a dica.
Momento de investir
Apesar dos reflexos da crise sanitária, especialmente nos setores de comércio e serviços, o mercado das startups cresce e é promissor. Só este ano foram mais de 15 empresas virando unicórnios (avaliadas em mais de U$$ 1 bilhão). Mesmo em um cenário de retração econômica, o crescimento está acentuado. Até pessoas físicas estão investindo em startups. O momento está muito bom para isso. Um dos pontos positivos é o fator de escala, que é muito grande.

“Então, a curva de receita não está necessariamente alinhada com a curva de custos. Normalmente a receita cresce muito e os custos tendem a ser lineares, o que é muito bom”, observa Augusto Frazão, CEO da Intera – empresa que conecta talentos a empresas inovadoras.
Segundo ele, ao se olhar para os indicadores e o tamanho das startups nos EUA é muito maior do que no Brasil e isso demonstra um mercado em potencial. “Temos muito espaço para crescer. O cenário aqui é muito positivo. Cada vez mais essas primeiras startups mostram que deram muito certo. Muitas já entraram para bolsa e dão um excelente retorno para os investidores”, conclui.