O empresário baiano Carlos Suarez, conhecido como “rei do gás”, contratou o ex-presidente da República Michel Temer para representar a Cigás – distribuidora de gás do Amazonas que ele controla – na disputa judicial bilionária envolvendo a transferência da Amazonas Energia para a Âmbar. A informação foi divulgada pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Temer é formado em Direito pela Universidade de São Paulo. Atuou como professor universitário, advogado e procurador antes de ingressar na política.
A Âmbar, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, comprou 12 usinas térmicas da Eletrobras na Região Norte em junho. Apesar de a Cigás ser estatal, a contratação foi feita sem licitação. Suarez disputou a compra das usinas com os Batista, mas foi excluído da negociação. As usinas foram vendidas à Âmbar Energia por R$ 4,7 bilhões.
Temer já atua contra os Batista em outro processo bilionário, a disputa entre a J&F e a indonésia Paper Excellence pelo controle da Eldorado Celulose, onde o ex-presidente é consultor jurídico da Paper.
Temer foi citado na delação dos Batista, o que resultou em duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, mas todas foram barradas pela Câmara dos Deputados em 2017.
De acordo com a reporragem de Malu Gaspar, a venda das usinas à Âmbar gerou impasse entre o Ministério de Minas e Energia e a Aneel, que não aprovou a transferência das ações. O caso foi parar na Justiça.
Após o negócio, uma medida provisória do ministro Alexandre Silveira transferiu os R$ 150 milhões mensais do custo das usinas para os consumidores, minimizando o risco da operação. A MP também deu à Aneel 60 dias para resolver a situação da Amazonas Energia, que está em crise financeira.
Com a MP, os Batista poderiam assumir a distribuidora e controlar o fornecimento de energia na Região Norte, área estratégica para Suarez.
“A demora da Aneel em resolver a questão levou o ministro Silveira a ameaçar intervir na agência, mas recuou quando a Justiça do Amazonas ordenou que a Aneel aprovasse a transferência para os Batista em 48 horas. A agência recorreu à Justiça pedindo mais tempo, e a Amazonas Energia pediu a prisão dos diretores da Aneel caso a ordem não fosse cumprida”, diz a matéria. É nesse cenário que Temer entra para defender os interesses do grupo de Carlos Suarez.
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