Feliz para sempre é o casal que se casa na Bahia. Ou pelo menos deve ser, pois o estado é disputado entre os noivos nacionais e internacionais, que elegem as paisagens paradisíacas para realizarem a festa mais desejada de suas vidas. Não à toa que o mercado local de casamentos movimenta cerca de R$500 milhões por ano. E promete mais. Dados da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA), indica que houve aumento de 29% no número de casórios realizados entre janeiro e outubro de 2021, após uma queda expressiva em 2020 motivada pela pandemia.
Foi neste contexto que a dupla Michele Azevedo e Marina Novaes criou o maior congresso de Destination Wedding do Brasil, o ICDW Bahia, realizado duas vezes por ano em um dos destinos mais buscados, como Salvador, Litoral Norte, Arraial D’Ajuda, Ilha de Comandatuba, Itacaré, Porto Seguro, Caraíva, Ilhéus e outros.
“Em cada edição escolhemos uma região para realizar o congresso e, no evento, realizamos um casamento real para que os congressistas vivenciem a experiência de um casamento real, realizado na Bahia, por profissionais da Bahia, para que eles possam levar essa experiência para atrair mais casamentos para a Bahia”, conta Marina, que após o sucesso dos eventos criou com a parceira de trabalho uma assessoria para organizar casamentos.
Segundo ela, o congresso tem o objetivo de apresentar a Bahia aos profissionais e assessores de todo o país para que se capacitem neste mercado. “Quando realizamos o casamento real, os noivos são nossos convidados. Separamos um espaço para os convidados deles, mas acaba que todo mundo se diverte junto durante o congresso. Realizamos o último em agosto passado, em Arraial D’Ajuda e no começo do ano foi em Itacaré, onde fizemos a festa de Clarissa e Adelmo”, revela.

Convidados pela dupla casamenteira, a atriz Clarissa Napolli e o cantor Adelmo Casé realizaram as bodas em uma cerimônia intimista, com poucos convidados e em formato “Elopement Wedding’, conhecido como “Fuga dos Noivos”. “Recebemos o convite para sermos o casal do ICDW Bahia na sexta e casamos na quarta-feira seguinte. Foram apenas cinco dias para o casamento. Mas foi incrível! O casamento é a celebração do amor, o momento de selar a união de duas vidas que em nome do amor querem construir e seguir juntos. E nada melhor do que fazer isso em nosso estado, que é um paraíso. Temos lugares lindos para todos os tipos de casamento e profissionais extremamente competentes. Para quem sonha com um casamento na beira da praia como foi o nosso, é ideal. Difícil vai ser escolher o lugar já que são tantas opções incríveis. O nosso foi na beirinha do mar, no pôr do sol, em Itacaré! Um sonho!”, rememora.
Experiência memorável
Esse tipo de cerimônia tem atraído mais pessoas, que desejam viver uma experiência memorável para si próprios e seus convidados, dispensando os velhos costumes e optando pela uniqueness (singularidade), forte tendência das novas gerações. De acordo com a advogada e jornalista, professora de Direito Civil, Doutora em Família na Sociedade Contemporânea pela UCSal e Coordenadora Científica do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM-BA), Rita Simões Bonelli, ocorreram mudanças no comportamento de pessoas de todas as idades, gênero e orientação sexual, no que diz respeito à forma de vivenciar relacionamentos afetivos e amorosos.

“A cultura contemporânea enfrenta mudanças desde que o ideal do amor romântico e do casamento indissolúvel foram construídos. Mas o casamento é, sem dúvidas, um momento especial na vida das pessoas, uma das tradições humanas mais antigas e disseminadas pelo mundo, realizado para estabelecer uma união conjugal com base no estabelecimento de uma vida em comum. Seja como for, penso que o casamento jamais sairá de cena e jamais deixará de ostentar o mistério e ritual mágico que une pessoas para constituir famílias e celebrar o amor”.
Casamentos na Bahia
Dados da Arpen-Ba mostram que nos 10 primeiros meses do ano passado, foram realizadas 42.136 celebrações civis, comparado a 32.604 matrimônios realizados em 2020. A alta começou a ser verificada em março, quando os números de 2021 ultrapassaram os de 2020, totalizando 3.944 casamentos, enquanto em 2020, quando se iniciou a pandemia no país, os números foram fechados em 3.435.
Já o maior crescimento percentual se deu de agosto para setembro, quando os casamentos aumentaram 14,4%. Ainda segundo a Arpen-Ba, somente no mês de julho de desse ano o estado da Bahia registrou um total de 1.120 casamentos, 4,96% a mais que o verificado em junho, quando foram realizadas 3.925 celebrações.
Embora a seta do casamento aponte para cima, no Brasil é muito comum as pessoas viverem em união estável. Conforme a advogada, existe a ideia de que tal entidade familiar traz a mesma segurança jurídica do casamento porque garante às partes os mesmos direitos e deveres do casamento, como a comunhão parcial como regime oficial de bens na ausência de contrato de convivência e que, em caso de dissolução em vida ou por morte, o processo será mais simples, o que nem sempre corresponde à realidade.
“O casamento é mais assertivo quanto aos direitos e deveres dos cônjuges e a certidão de casamento é um documento que gera uma presunção de solidariedade e afetividade ente os cônjuges”, explica Rita Simões Bonelli.
E as pessoas estão realmente buscando casar de papel passado e tudo que têm direito. Isto fica claro com o crescimento de 80% no número de cerimônias no pós-pandemia. De acordo com Marina, o ICDW Bahia, esse aumento se deve as remarcações das datas, mas principalmente pelo fato de que muitos casais que se formaram durante a pandemia e já estão planejando o casamento para esse ano e o próximo.
“Temos muitos casamentos planejados. E quem quiser vir para Bahia casar é bom ficar de olho no melhor período que é entre os meses de setembro e fevereiro, ou seja, entre a primavera e o verão. As temperaturas estão mais amenas, os dias são mais longos, o que favorece muitos casamentos no fim da tarde, com bela iluminação, e é mais difícil correr o risco de chover”, diz ela.

Segundo Marina, no Sul da Bahia (região de Arraial d’Ajuda, Itacaré, Trancoso e Caraíva), o número de noivos de fora é muito superior à noivos locais, quase 80% de turistas. Já na capital e no Litoral Norte, o número de noivos locais supera em muito o de fora, sendo cerca de 90% de baianos.
Assessoria
“Seja noivo baiano ou turista, escolher uma assessoria pode ser a cereja do bolo. Isto porque a gente cuida desde a escolha do local e definição do buget do evento à determinação de melhores fornecedores e adequação dos mesmos para a montagem do evento. Além do cerimonial e todos os detalhes referentes à tranquilidade do dia como ajudar a noiva a se arrumar, conferir se todos os fornecedores entregaram o que foi acordado. E trabalhamos desde o início do sonho de casar até o final da cerimônia, na desmontagem de tudo”.
Marina observa que mesmo em tempo de inflação alta e crises é possível fazer casamentos, já que tem opções para todos os bolsos. “O céu é o limite. Temos desde um casamento intimista até uma grande festa interfere no valor final. A assessoria serve, inclusive, para conversar com o casal e adaptar o que pode investir ao sonho de cerimônia dos noivos. Existem muitas variáveis, desde o espaço até decoração, se tem jantar, almoço, recepção etc.”, destaca.
Por fim, ela ressalta e importância econômica do casamento, por atrair turistas locais, nacionais e estrangeiros. “Eles ficam ansiosos para fazer uma imersão na região e então vão para as vilas, conversam com os moradores, compram mercadorias locais. Alguns se apaixonam tanto pelo local que até compram imóveis na região. Dependendo do local, o incremento, em um fim de semana, por exemplo, de sexta a domingo, pode passar dos 100%”.
São tantas opções para este momento especial na vida dos noivos, que de morna só tem as águas da Bahia. E para quem ainda não avistou seu par, mas sonha com este dia, chama por Deus, Himeneu ou Santo Antônio e quando alcançar a graça, case logo ou cale-se para sempre.