A privatização de metade do parque de refino da Petrobras – incluindo a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia – irá provocar, nos próximos anos, uma mudança radical no mercado de distribuição de combustíveis no Brasil. Com fortes investimentos, a baiana Larco, uma das maiores empresas deste setor no país, está bem atenta aos desafios e oportunidades deste novo cenário, que ensejará um ambiente de negócios mais plural e competitivo. “É um novo momento e estamos otimistas com as mudanças”, afirma o diretor de operações da distribuidora, Márcio Sales.
Ele destaca como pontos positivos deste processo de abertura a chegada de novos players no mercado brasileiro concorrendo ao fornecimento de combustível. Um cenário que representa a melhoria no atendimento e na produtividade, além de uma equiparação de preços internacionais mais forte, com possibilidade de entrada de produtos importados.
“A Larco poderá ter o fornecimento importado, de refinarias privadas e de algumas formuladoras. Com uma entidade privada de refino, você consegue garantir uma menor intervenção do governo na parte de precificação. Um outro ponto é que o grupo privado vai querer equiparar seu preço ao mercado internacional e aí você ganha previsibilidade”, assinala Sales, acrescentando que, neste momento, a Petrobras responde por cerca de 80% do fornecimento para a Larco, enquanto a Braskem fica com os 20% restantes.

E os desafios? Márcio Sales explica que atualmente todas as distribuidoras têm uma equiparação de preços, ou seja, os órgãos reguladores não permitem, por exemplo, que as grandes distribuidoras, que movimentam os maiores volumes, tenham preços menores. “Hoje o preço da Petrobras é tabelado para todos. As três maiores distribuidoras, Ipiranga, Raízen e BR , que possuem 60% a 70% deste mercado, pagam o mesmo que a Larco”, afirma.
A partir do momento em que o refino vai para a iniciativa privada, as negociações passam a ser individuais e o volume de produção vai impactar no preço final. Em outras palavras: as grandes companhias terão um maior poder de barganha e, muito provavelmente, preços menores. A Larco, então, terá que ampliar ainda mais a sua capacidade de negociação e ter opções, para não depender de uma refinaria específica.
O executivo da Larco enfatiza ainda que as transformações do segmento do petróleo e gás trarão ganhos para o consumidor final, com relação ao preço dos combustíveis, uma vez que o setor não estará mais concentrado nas mãos de uma única empresa.
Investimentos
Fundada há 21 anos, a Larco figura entre as 10 maiores distribuidoras de combustíveis do país e é a quarta maior do Nordeste. No ano passado, obteve um faturamento da ordem de R$4,4 bilhões – o maior de uma empresa baiana no período, com um crescimento em torno de 30% em relação a 2019. Também no ano passado o grupo inaugurou duas bases próprias, uma em Luís Eduardo Magalhães e outra em Jequié. Investiu ainda R$30 milhões na frota de veículos em 2020/2021.
Neste momento, o grupo baiano está investindo mais de R$40 milhões na construção de outras três bases próprias: em Juazeiro, na Bahia, Senador Canedo, em Goiás, e em Itaporanga d’Ajuda, em Sergipe. Todas ficarão prontas ainda este ano.
“É um crescimento muito robusto. Uma aposta da Larco numa visão de crescimento e de estruturação logística com foco no interior da Bahia e no centro-oeste do país. E apostando muito no agronegócio, que tem contribuído para o aumento do o Produto Interno Bruto brasileiro. A Larco vai dar a infraestrutura, quer seja infraestrutura de armazenamento (tanques), quer seja de transporte”, diz Márcio Sales, para logo depois acrescentar: “Combustível é commodity. Todo mundo tem esse produto para oferecer, mas entregar com melhor preço, melhor condição e com a melhor estrutura, aí é para poucos. E a Larco está neste seleto grupo”.