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Olha a bolha!

REDAÇÃO por REDAÇÃO
27/11/2024
em Colunistas
Tempo de Leitura: 4 minutos
A A
38
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Fernanda Carvalho*

Fernanda CarvalhoEu tomava o café da manhã sozinha em casa quando levantei da mesa correndo em direção à janela. O dia lindo, com sol majestoso e céu cor de azulejo, não era o único convite para eu ir até a varanda. Bolhas de sabão surgiam na paisagem. Lindas, encantadoras… Mágicas! Algumas maiores; outras quase imperceptíveis. Poucos vizinhos devem ter tido a oportunidade de percebê-las. Que alegria é enxergar os detalhes que colorem a vida logo cedo. Pensei já viajando para meu tempo de criança quando sonhava, sentada na calçada – de canudo e canequinha – com uma boneca. Tubefe, Tublim….

Diante daquela cena – as bolinhas de sabão reais – de tamanha simplicidade, eu ainda tentei correr para pegar o celular e registar. Voltei segundos depois e as bolas já tinham escapado ao alcance dos meus olhos. Estiquei o pescoço para ver se conseguia encontrar vestígios do apartamento que fez a felicidade respingar em mim… E nada. Água e detergente foram suficientes para me transportar para um tempo de fantasia. Sem esquecer o elemento essencial: o sopro de alguém, possivelmente uma criança.

A minha menina queria ver mais, continuou à espreita. Parada. Em um acanhado êxtase, longe da aceleração que insiste em se tornar rotina. Os segundos de encantamento foram suficientes para ocupar a categoria de pausa nutridora, que a minha psicóloga tanto insiste comigo. Posso contabilizar as bolinhas de sabão, pensei. A voz interna que me servia de consolo, trouxe outra verdade. O registro no celular era desnecessário.

O momento já estava eternizado em mim. Verdade, respondi ao monólogo. Que loucura esse tempo moderno em que a gente deixa de viver o presente na ânsia de garantir registros para o futuro. Os celulares estão abarrotados de fotos que não são reveladas, de vídeos de fragmentos de espetáculos que a gente não assiste depois. Perde o tempo real, presente na expectativa de um replay futuro. E, assim, vamos acumulando memórias empoeiradas, consumindo gigabytes que aparelhos ultra tecnológicos não dão conta, comprando mais espaço na nuvem na esperança de arquivar o tempo que se se esvai como bolha de sabão.

Na contramão da estatística, uma legião de autores insiste em escrever uma nova história. A escrita é revolucionária. Escritor independente, então. É raiz. Resiste às intempéries e segue adiante…

Não consegui registrar a cena, mas as bolhas de sabão continuaram borbulhando em mim.

– O escritor precisa furar a bolha!, disparou Dany Sakugawa, em uma jornada voltada para autores e profissionais do mercado literário que encheu meu sábado de inquietações e certezas. E aumentou a lista do tanto que ainda tenho por fazer para fazer meu livro chegar no colo de novos leitores. A primeira grande bolha que precisei estourar foi voltar a acreditar no meu sonho. Romper com a síndrome da impostora que me paralisou por anos. Aliviar o medo, me esvaziar das desculpas. Confiar que era capaz de quitar a dívida de gratidão ao obstetra que me ensinou a parir com delicadeza, no êxtase de quem desfruta do parto como um momento efêmero e sempre único, como uma bolha de sabão.

Despois de parir o manuscrito – sim, escrever é parir! – conseguir uma editora foi uma façanha comemorada com a alegria da criança que estourava mais uma bolinha de sabão. Tirar o livro da gaveta de sonhos e conseguir publicá-lo. Pfuft! Mais uma! A gente desperta da fantasia quando descobre o que livro não se vende sozinho. Precisa ser regado dia a dia, demanda atenção e energia. Poucos dias depois da noite inesquecível do lançamento, eufórica e ainda me sentindo de resguardo, eu já sabia que tinha mais um filho para cuidar.

Não se iludam. Quem tem coragem para viver da escrita tem bolhas nas mãos, de um trabalho que caleja. Se o escritor não tiver resiliência para furar novas bolhas, os livros ficam empoeirados, agora em caixas. Alcançar o leitor exige conhecimento e muita dedicação. Fôlego para correr atrás de cada indício de borbulha, perseguir o rastro da inspiração, coragem para aprender a vender sua ideia, vencer a timidez para entrar nas rodas de conversa, bater perna em feiras literárias. O movimento é exaustivo e nem sempre revertido em vendas. Mas o brilho nos olhos é garantido.

E aumenta quando, de repente, a gente se dá contaque está compartilhando a mesma bolha, com quem tem o mesmo propósito, uma disposição invejável para seguir com alegria a jornada árdua de semear o gosto pela leitura. Pesquisa recente revelou que quase sete milhões de leitores se esvaíram como bolas de sabão nos últimos quatro anos. Mais da metade dos brasileiros não leu um livro sequer, em um ano inteirinho.

Na contramão da estatística, uma legião de autores insiste em escrever uma nova história. A escrita é revolucionária. Escritor independente, então. É raiz. Resiste às intempéries e segue adiante… Alguns, como a escritora e amiga Katiana Rigaud, não se contentam em carregar apenas seus livros, aumentam o peso e levam o sonho de outros autores por aonde vão. A idealizadora da Raiz Livraria é a imagem encarnada da “Sororidade Literária”. Com amorosidade entre os cachos, nas asas da literatura, celebrou recentemente a participação inédita na Festa Literária de Paraty (FLIP), uma das mais disputadas do país. Aparentemente sem rumo, com muita intenção, ela segue expandindo horizonte para novos escritores como se livros fossem leves … quem sabe bolinhas de sabão.

“Olha a bolha de sabão
na ponta da palha:
brilha, espelha
e se espalha.
Olha a bolha!”

Trecho do poema Bolha, de Cecíclia Meireles


  • Fernanda Carvalho é jornalista, escritora, autora do Livro A Luz da Maternidade – Relatos de Parto sem Dor conduzidos por Gerson de Barros Mascarenhas.
  • E-mail: livroaluzdamaternidade@gmail.com
  • Instagram: @fernandacarvalho_cs
Tags: Fernanda Carvalho
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COMENTÁRIOS 38

  1. Jacqueline Alves says:
    7 meses atrás

    Excelente descritiva

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Obrigada pela leitura e comentário.

      Responder
      • Iarodi D. Bezerra says:
        7 meses atrás

        Finalmente consegui ler! Precisamos furar as velhas bolhas e criar novas coloridas e vistosas bolhas.

        Lindo texto! Está me fazendo voltar a ter vontade de escrever.

        Obrigado

        Responder
        • Fernanda Carvalho says:
          7 meses atrás

          Que bolhas de sabão continuem nos encantando…

          Responder
  2. Ester says:
    7 meses atrás

    Mais vale o gesto do que o registro

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Verdade, Ester.

      Responder
  3. Ana Andrade says:
    7 meses atrás

    Amei!
    Depois do nosso encontro de sábado, sua inspiração nos inspira muitoooo
    Você é meu exemplo de guerreira e sucesso!!
    Gratidão 🙏

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Ana, ansiosa para ver nascer o seu livro!

      Responder
      • TATIANA SILVA SIMOES says:
        7 meses atrás

        Texto que nos levam a reflexão!

        Responder
        • Fernanda Carvalho says:
          7 meses atrás

          Bom ter você por aqui, amiga!!!

          Responder
  4. Adriana Jacob says:
    7 meses atrás

    Que texto lindo! Precisamos sair da bolha e pensar mais sobre o ritmo que a sociedade tem nos imposto. A profundidade da escrita é um bom caminho para sair do automatismo e observar mais a beleza de cada momento.

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Vamos furar mais e mais bolhas, Adri!!! Saudade.

      Responder
  5. Lucianna Ávila says:
    7 meses atrás

    Fernanda, primeiro você me transportou para o universo da infância de uma forma lúdica e leve, depois me relembrou das dores e delícias de ser escritora! Que bom que não estamos em uma única bolhinha de sabão, mas sim em diversas de tamanhos e formatos diferentes, que se complementam e se apoiam para furar e entrar em novas bolhas… Rsrsrs. Gratidão por sua partilha e que a gente nunca desanime. Que sigamos em alegria, semeando a luz da leitura e plantando a literatura aonde quer que estejamos. Saudações literárias. Beijo grande e abraço apertado.😍😘

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Que a gente siga juntas e sem perder a leveza!

      Responder
      • Katiana Rigaud says:
        7 meses atrás

        Fernanda, sempre equilibrando a competência e a amabilidade, nos fortalece com sua generosidade.

        Responder
        • Fernanda Carvalho says:
          7 meses atrás

          Fez com a nossa caminhada na literatura, leve e colorida! Saudações literárias, Katiana!

          Responder
  6. Fernando Oliveira says:
    7 meses atrás

    As metáforas de Fernanda Carvalho são instigantes e profundas…Escrever e parir são processos viscerais frutos das entregas feitas de sangue e bolhas…Parabéns!

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Seguimos tentando enxergar o mundo com mais leveza. Gratidão pelas palavras.

      Responder
  7. Valber Carvalho says:
    7 meses atrás

    Mais uma das suas sempre belas e oportunas reflexões minha querida Fernanda. Em meio a essa loucura frenética de produzir e consumir essa miríade de imagens que não cessam de criar arquivos de memórias efêmeras, tenho perguntado a todos os “normóticos” como eu: “A quem obedeces?”.

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Valber, tenho procurado me fazer a mesma pergunta…

      Responder
  8. MARIA FERNANDA says:
    7 meses atrás

    Amei

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Fico feliz com sua leitura e comentário.

      Responder
  9. Mazé Maurício says:
    7 meses atrás

    Fernanda, suas palavras conduziram-se a momentos de grande leveza, criatividade e prazer. Todavia também de luta, intensidade e resiliência. Concordo plenamente, e defendo cada ideia, contemplando diferentes bolhas, não somente as de sabão. Vi ainda calos que insistem em das minhas mãos morada fazer.

    Parabéns!!!!!

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      É sobre isso… Bolhas que ora machucam, outras encantam…

      Responder
  10. Andrezza says:
    7 meses atrás

    Cada dia mais encantada. Obrigada por me tocar profundamente.

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Andrezza, bom te ver também por aqui.

      Responder
  11. Mam says:
    7 meses atrás

    Obrigado pela viagem!
    Despertou a criança em mim 🫶🏾

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Que maravilha!!!! Bom ter você pousando por aqui, Mamadou!

      Responder
  12. Joana D'Arck says:
    7 meses atrás

    O livro é transformador para o autor até depois de publicado: tem que se reinventar para vendê-lo. E esse é um outro processo de crescimento que enfrenta muitas bolhas. Disse tudo Fernanda!

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      E vamos aprender a vender… porque escrever a gente já sabe rsrsrsrs

      Responder
  13. Alessandra Nascimento says:
    7 meses atrás

    Verdade. Tudo é um aprendizado e resiliência e persistência devem vir juntas. Parabéns Fernanda!

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Grata, Alessandra. Seguimos tecendo sonhos com resiliência.

      Responder
  14. LUCIA VALOIS says:
    7 meses atrás

    Bom dia Fernanda,!!!
    Quando a leitura é leve como “Olha a Bolha” nos leva a tempos de genuína felicidade.❤️🌻

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Lucia, gratidão pelas leitura e palavras,

      Responder
  15. Dany Sakugawa says:
    7 meses atrás

    São os sinais que a vida nos dá. Cabe a nós atribuir o devido valor e significado a cada um desses sinais!
    Adorei o texto, e adorei ainda mais meus dias na Bahia. Que seja o primeiro de muitos!

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Volte logo, Dany. Foi muito bom te conhecer pessoalmente.

      Responder
  16. Nilma Ney Silva Damasceno says:
    7 meses atrás

    Nessa linda é necessária crônica , Fernanda nos leva da infância , tão mágica é maravilhosa , para uma atual realidade, onde as bolhas devem ser furadas para vivermos com vivacidade, inteligência é verdade . Para corrermos atrás dos nossos sonhos , e realizarmos. É fácil? Claro que não ! Mas possível , sim! Parabéns Fernanda Carvalho , por mais essa lição de vida e viva nossa eterna criança!!!

    Responder
    • Fernanda Carvalho says:
      7 meses atrás

      Nossas crianças são eternas. Obrigada pela leitura e palavras de carinho, Nilma.

      Responder

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