Por Joana Lopo
O setor mineral baiano faturou R$9,5 bilhões em 2021, frente a 2020, quando foi de R$ 5,7 bi. O aumento expressivo, portanto, foi de 67%, sendo o segundo estado brasileiro que mais teve elevação percentual, ficando atrás apenas de Minas Gerais, que saltou 87% faturando R$ 143 bilhões. Esses dados foram apresentados nesta terça-feira (1º), pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em evento acompanhado pela equipe do Bahia de Valor.
Na ocasião, o presidente do conselho diretor do Ibram, Wilson Brumer, disse que a Bahia é um dos estados que mais tem investido na expansão da mineração. “A Bahia tem anunciado muitos investimentos para viabilizar a mineração industrial sustentável e já colhe os dividendos dessa decisão favorável à expansão do setor mineral no estado. O mesmo vemos em outros estados, como Pará, Goiás e Mato Grosso”, disse Brumer.
A liderança do setor, atualmente, é do estado do Pará, que faturou R$ 146,6 bilhões em 2021 (R$ 97 bilhões em 2020), com crescimento de 51%. Em relação a participação dos estados, o nortista representa 43% do faturamento, seguido bem próximo por Minas Gerais, com 42% e Bahia, com 3%.
Para o presidente do conselho diretor, o crescimento do faturamento se deu pela combinação do dólar alto, com forte aumento de preço das principais commodities, como o alumínio (+45,4%), chumbo (+20,4%), cobre (+51,9%) e o minério de ferro, que é o mais representativo em termos de faturamento, crescendo 47%, seu preço médio em 2020 foi de US$ 108 para US$ 159,93 em 2021.
Balança comercial
O saldo do setor mineral aumentou 51% em comparação a 2020. Em relação às exportações totais houve aumento de 58,6% nas exportações em dólar, devido ao aumento de preços das commodities. O que representou um aumento de 0,4% em toneladas. “O setor continua sendo um grande exportador. Se compararmos com a exportação total, o Brasil saiu de US$ 209 bilhões para 280 bi. Então o país cresceu 34% das suas exportações em dólar. As exportações minerais, como ferro, ouro, entre outros, saiu de US$ 36,5 bilhões para US$ 58 bi, com crescimento de 58,6%”. O saldo mineral equivale a 80% do saldo Brasil em 2021. Já em 2020, esse valor foi de 64,4%, revela Brumer.
No total, em 2021, o Brasil exportou 357,7 milhões de toneladas de minério de ferro, frente a 341,6 milhões de toneladas em 2020. Juntos, minério de ferro, ouro e cobre responderam por 91,8% das exportações em dólares. Conforme Brumer, os principais destinos do minério de ferro do Brasil foram China (68%), Malásia (6,4%) e Japão (3,6%). O principal produto importado pelo setor foi carvão metalúrgico, com aumento de 25% em toneladas. Os principais países supridores desse produto foram Colômbia (27%), Estados Unidos (26%) e Austrália (24%).
Segundo ele, embora as importações não sejam o forte do setor, elas aumentaram 120,8% em 2021, passando de US$ 4,1 bilhões para US$ 9,1 bilhões. Seguindo a mesma linha, as importações brasileiras avançaram 38,2%, em 2021, em relação ao ano anterior.
Impostos e tributos
Com o aumento do faturamento do setor houve uma elevação de 62,3% na arrecadação de tributos totais. De acordo com o diretor-presidente do Ibram, Flávio Ottoni Penido, o recolhimento passou de R$ 66 bilhões para R$ 72,1 bilhões, de 2020 para 2021. Em relação à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) – contraprestação paga pelo minerador à União, aos Estados, Distrito Federal e Municípios -, o aumento foi de 69,2%, elevando de R$ 6,08 bilhões para R$ 10,29 bilhões, puxados pelo minério de ferro, responsável por cerca de 85% da arrecadação da Cfem.
Segundo Penido, os municípios que arrecadam mais Cfem melhoram o seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e nove dos 15 maiores arrecadadores desse tributo superam, inclusive, o IDH do estado. Na ocasião, o diretor-presidente anunciou ter assinado ontem (1º), um termo de cooperação para diversificação econômica das cidades mineradores que estiverem com exaustão das minas com a Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e com o prefeito de Nova Lima. “Nosso objetivo é preparar os municípios para uma diversificação econômica mais à frente”, disse.
Geração de empregos
Conforme dados do Ibram, o setor gera 200.393 mil empregos, respondendo por 8% do total do país, empregando mais do que a indústria, que representa 6,3%. Os investimentos previstos para o setor mineral de 2021 a 2025 somam US$ 41,3 bilhões, dos quais US$ 6 bilhões são investimentos socioambientais e US$ 35,3 bilhões em produção e infraestrutura. Desse total, estão em execução 47%, ou o correspondente a US$ 19,046 bilhões. Já os investimentos programados somam 53% (US$ 21,951 bilhões).
Wilson Brumer ressaltou que o setor de mineração tem condições de crescer mais e de atrair mais investimentos, como os que já estão previstos: minério de ferro (US$ 12,8 bi), bauxita (US$ 6,484 bi) e fertilizantes (US$ 6,388 bi).

























