Já pensou transformar lixo em negócio? Foi exatamente essa a ideia que fez nascer a Ecoloy, startup baiana que transforma resíduos da indústria têxtil em produtos úteis para o seu dia a dia. Criada em 2019 durante um programa de aceleração, a empresa baiana desenvolve, a partir de sobras de tecido que seriam descartadas, ecobags feitas para substituir as sacolas de plástico nos supermercados e mira em uma inovação ainda maior: a criação de um isopor, que feito do mesmo material das bags, possa substituir as bolsas de térmicas de entrega usadas em deliverys.
Fundador e CEO da startup, Loyola Neto conta ao BA de VALOR que a ideia surgiu na sua própria rotina de trabalho. Empresário no ramo de confecções há mais de 20 anos, o baiano via sua própria fábrica gerando lixo e o incômodo gerado pelo desperdício o impulsionou a pensar soluções. “Sempre fiquei muito intrigado e triste. Na hora que você faz o corte do tecido, quando você pega o tecido bota na mesa para cortar para você fazer a frente da camisa, manga e depois vai para máquina de costura você perde em média 15% do material mesmo usando o melhor software do mercado”, explica sobre a rotina na Loygus, sua empresa de confecção.
Segundo Loyola, em cada tonelada de tecido, cerca de 150 kg eram descartados. O volume alto de material o fez pensar em como seria possível evitar o desperdício. Algumas medidas simples dentro da própria empresa deram a Neto um prémio de indústria sustentável ainda em 2018. Junto com o prêmio, o incentivo para fazer mais e o empresário decidiu participar de uma aceleração para startups. Foi assim, que no início de 2019, surgiu a Ecoloy com a missão de transformar resíduos em oportunidades.
Logo depois do surgimento, com a pandemia, a Ecoloy precisou pausar as atividades, que foram retomadas no início de 2023. Foi neste ano que o primeiro produto da empresa foi lançado: uma ecobag sustentável, feita do resíduo gerado pela indústria têxtil e que pode substituir as sacolas plásticas na hora da compra. Criada durante o primeiro semestre e lançada em julho de 2023 durante uma feira do setor de supermercados, a ecobag suporta até 30 kg e tem vida útil média de cinco anos. Ao todo, mais de 8 mil unidades foram produzidas no ano passado.
Para o fundador o objetivo é diminuir o impacto ambiental da indústria em que ele mesmo trabalha. “É um problema muito grande que a indústria tem que resolver. Aquele resíduo que iria para o lixo, aterro sanitário ou ser incinerado, vai ser transformado em uma ecobag”, diz Loyola.
Trabalhando com algo que afeta o meio ambiente, o idealizador do projeto ainda revela um motivo ainda mais especial para seguir inovando. “Meu filho vai me ver como um super-heroi dele durante um tempo. Foi após o nascimento dele que passei a repensar minhas atitudes. Isso me fez refletir sobre o meu propósito e a intensificar as práticas sustentáveis” complementa.
Desafios
Se em um ano as ecobags tomaram forma, para 2024 o desafio deve ser ainda maior. Segundo Loyola, a intenção é produzir pelo menos 30 mil unidades das sacolas, que devem ser comercializadas nas grandes redes de supermercado e em um site próprio também previsto para ser lançado até o final do ano. Além disso um novo produto está na mira do empreendedor: as iBags, bolsas de transporte utilizadas para entrega de deliverys como o iFood, “A ideia é desenvolver um isopor sustentável que também seja feito através dos resíduos”, explica.
Para o novo projeto, a Ecoloy deve participar da nova edição do Edital Cidade Zero Carbono, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), no qual a ideia é colocar uma startup para resolver o problema de uma gigante. Foi também através da edição 2023 do edital que a própria ecobag tomou forma.
A Ecoloy desenvolve projetos inovadores em parceria com o Senai, o Cimatec, a Embrapii, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), buscando soluções para a redução de resíduos na indústria têxtil e do vestuário. Utilizando tecnologias avançadas e materiais reciclados, a empresa desenvolve produtos e processos que minimizam o impacto ambiental, de forma a contribuir para a sustentabilidade do setor.
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