Após vencer o desafio tecnológico promovido pelo Sebrae e pelo Sistema Faeb/Senar, com projeto apresentado em julho último durante o Chocolat Festival de lhéus, a startup paulista Treevia vai injetar R$ 3,1 milhões, além do aporte de R$ 100 mil que recebeu como prêmio para desenvolver a ferramenta SmartForest, para otimizar o manejo florestal, proporcionando mais eficiência aos processos e impactar na redução do custo operacional e no aumento da produtividade, o que consequentemente gerará maior rentabilidade para o produtor rural, como disse o CEO Esthevan Gasparoto à equipe do BadeValor.
Para ele, ganhar o desafio representa muito para a empresa, que cresce e ganha visibilidade nos âmbitos regional e nacional. “É um sentimento de gratidão poder promover soluções mais sustentáveis para a cadeia do cacau. Isso faz parte de um posicionamento estratégico que já buscávamos. Estamos muito felizes com o resultado. Durante as atividades de campo, na Bahia, nós tivemos a oportunidade de ver o brilho nos olhos dos produtores. Foi incrível poder mostrar que o sonho deles é possível, ou seja, que é possível aumentar a produtividade e ao mesmo tempo conservar as florestas”, destaca.
Na terra em que ganhou o prêmio, a startup tem em vista muitos planos de expansão, embora ainda não revelados. Mas já começou colocando os tentáculos em grandes indústrias de celulose e papel, como a Bracell e Veracel Celulose.
De acordo com o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Guilherme Moura, a ferramenta atende ao grande desafio tecnológico de viabilizar o manejo da cabruca, que são árvores de sombra. “É um modelo de produção feito com as árvores da Mata Atlântica, mas que precisa de luz para produzir e para isso precisa manejar as árvores nativas, precisa ser feito um inventário florestal, que é oneroso. A Treevia apresentou uma solução que além de baratear o manejo, com redução de custo, ainda permite acessar o mercado de carbono. É um ganho duplo, que deve fazer a produção crescer 30% no estado da Bahia”, afirma Moura.
SmartForest
A plataforma, que foi batizada por SmartForest, é um sistema totalmente tecnológico que permite a digitalização do processo de inventário florestal. Por meio do aplicativo, os profissionais florestais e consultores ambientais podem realizar toda a tarefa de coleta de dados da floresta, processa as informações e emite relatórios. Com a digitalização do processo, o primeiro impacto é com a redução de custo e tempo para realizar as atividades, pois o sistema elimina os diversos retrabalhos operacionais do dia a dia.
“Após a realização do primeiro inventário na propriedade, a próxima etapa é utilizar os nossos dendrômetros digitais, um poderoso sensor IoT que realiza o monitoramento florestal de forma automática e diária. O nosso desafio para este projeto foi como pensar em um modelo de negócios que remunere o produtor de cacau que preserva a floresta, tornando o inventário florestal não um custo e sim um investimento”, explica Gasparoto.
Com isso, o produtor de cacau cabruca, que possui reservas florestais, poderá quantificar as áreas por meio da tecnologia e emitir o documento para que o órgão ambiental competente libere a Autorização de Manejo da Cabruca (AMC). “Feito isto, o próximo passo é transformar a floresta em um ativo florestal para que o produtor possa ser estimulado a preservar por meio de instrumentos financeiros que permitam o pagamento por serviços ambientais, gerando receita adicional pela conservação das áreas nativas”.
Por meio da tecnologia espera-se que os processos tenham mais eficiência e proporcione boas práticas de manejo florestal, além de possibilitar maior rentabilidade e produtividade ao produtor de cacau cabruca. “Esperamos que o desenvolvimento deste projeto possa estimular a manutenção das pessoas formadas no território, possibilitar a geração de renda, riqueza e fundamentalmente empregos de alta qualidade. Juntamente, contribuir para a sustentabilidade da produção de cacau cabruca”, finaliza Gasparoto.
Treevia
Fundada em 2016 no Hub de Inovação do Parque Tecnológico de São José dos Campos, em São Paulo. À época começaram a acessar o mercado monitorando plantios de eucalipto, pinus e mogno africano.
Suas tecnologias ganharam destaque no mercado e houve uma crescente adesão pelas principais marcas do setor florestal. Atualmente, a Treevia atua em 10 estados brasileiros e monitora mais de 100 mil hectares de florestas.