As expectativas pessimistas dos comerciantes brasileiros se confirmaram e o comércio varejista amargou o pior resultado dos últimos sete anos para o Dia dos Namorados. De acordo com o indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as vendas a prazo caíram 15,23%, entre os dias 5 e 11 de junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Desde 2011 o comércio vem desacelerando o seu ritmo de crescimento para a data, sendo que nos últimos dois anos as vendas haviam registrado resultado negativo. Em anos anteriores, as variações foram de -7,82% (2015), -8,63% (2014), +7,72% (2013), +9,08% (2012), +10,80% (2011) e 7% (2010).
O Dia dos Namorados é a terceira data mais lucrativa para o comércio, ficando atrás somente do Natal e do Dia das Mães. Segundo uma pesquisa de intenção de compras feita pelo SPC Brasil, os produtos mais procurados neste período seriam os itens de vestuário, calçados, perfumaria, floricultura, jóias e bijuterias.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o varejo já não conta com os mesmos fatores que ajudaram a impulsionar o setor em anos anteriores, como o alto nível de emprego, crescimento real da renda e a oferta de crédito mais barata aos consumidores. Desse modo, a incerteza com relação ao futuro da economia brasileira tem impactado nos compromissos financeiros como o parcelamento de compras.
“Considerando o fraco desempenho das outras datas comemorativas ao longo de 2015 e no início de 2016, a expectativa dos lojistas já era baixa. A piora das condições econômicas, como o aumento do desemprego, da inadimplência e o crédito mais restrito, vem exercendo forte impacto sobre o consumidor, que acaba sendo obrigado a limitar e rever seus gastos para salvar as finanças. Quando o brasileiro precisa pagar contas atrasadas ou fazer ginástica para conseguir honrar seus compromissos financeiros, uma medida de contenção é evitar novos gastos e, nesses casos, presentear outras pessoas muitas vezes deixa de ser prioridade”, avalia Pinheiro.