A provável eleição do baiano Ricardo Alban para presidir a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir de 2023, deixou o setor produtivo baiano entusiasmado. Empresários e lideranças de entidades de diversos segmentos ouvidos pelo BAdeValor afirmam que o atual presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) reúne uma série de qualidades para exercer o cargo máximo na principal entidade do setor no país, como competência, liderança e poder de articulação política.
Para Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), será um “prestígio” muito grande para o estado ter Alban no comando da CNI. Ele lembrou que a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) é presidida hoje por um baiano – João Martins. “Ou seja, das três principais entidades do setor produtivo brasileiro [CNI, CNA e Confederação Nacional do Comércio] a Bahia estaria à frente de duas dessas instituições. É um momento de muita alegria. Nós temos que enxergar nessa ascensão de João e Alban um momento de oportunidade e trazer para a Bahia mais projetos e desenvolvimento”, afirmou.
O presidente do Grupo Business Bahia, Carlos Falcão, por sua vez, diz que o setor estará muito bem representado, inclusive para retomar o protagonismo empresarial da Bahia. “Ricardo Alban é muito competente na gestão da Fieb deixando um legado reconhecido pelo setor industrial e por outras lideranças empresariais. Ele se destacou pela sua habilidade como articulador e construtor de pontes”, disse, para acrescentar: “A Bahia estará muito bem representada no cenário nacional e a nossa indústria ganhará um representante que certamente saberá exercer seu mandato com a mesma competência que gere a Fieb. Precisamos retomar o nosso protagonismo e a eleição de Ricardo Alban será um importante passo nessa retomada”.
O presidente do Lide-Bahia, Mário Dantas, também faz boas apostas com a chegada de Alban à CNI. “Muito bom termos à frente da CNI um baiano. A Bahia não tem uma tradição associativista forte. A força da sociedade civil organizada tem promovido mudanças importantes no nosso país. Não é necessário exercer cargo público e nem ingressar na política partidária para demonstrar elevado espírito público. A preocupação com a coletividade e com a construção de um ambiente empresarial melhor pode e deve ser feita por meio das entidades empresariais”, destaca.
No setor florestal, o empresário e economista Wilson Andrade, que também é diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), ressalta a força e competência do presidente da Fieb. “A CNI é uma instituição empresarial das mais fortes no Brasil e tem influência direta nas políticas públicas junto ao congresso, executivo e até mesmo em ações no judiciário. A participação, eleição ou indicação de Ricardo Alban foi rejustificada pela sua liderança e pelo exemplo da condução do sistema na nossa Bahia”, destacou.
Ele lembrou ainda que o Senai, o Sesi e o IEL e, notadamente o Cimatec, coordenados todos pela Fieb, vêm fazendo um trabalho de muita importância na área de inovação e sustentabilidade do nosso estado. “Acho que a Bahia precisa dessa oportunidade e Alban será uma elevada representação do empresariado brasileiro”, enfatizou.
Alban não será o primeiro baiano a presidir a CNI. Entre 1954 e 1956, a entidade foi comandada por Augusto Viana Ribeiro dos Santos. Ele substituiu Euvaldo Lodi. Como empresário, Augusto Viana foi presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem e da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, membro do conselho nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi), presidente do conselho regional do Sesi da Bahia e do conselho regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) da Bahia, além de diretor da Companhia Empório Industrial do Norte, da Urbania Companhia Nacional de Seguros e da Urbania Capitalização. Como médico, dirigiu o Hospital da Sagrada Família.
Trajetória na Fieb
Formado em engenharia mecânica e administração de empresas, Ricardo Alban é sócio-diretor da Fábrica de Biscoitos Tupy. Ele está à frente da Fieb desde 2014. Em abril deste ano, tomou posse para o seu segundo mandato que vai até 2026. O estímulo à inovação e a continuidade do processo de interiorização do Sistema Fieb são as principais marcas de sua gestão. Alban estabeleceu uma agenda propositiva destinada a apoiar na Bahia o advento da indústria 4.0, chamada quarta revolução industrial, voltada para o aumento da competitividade mediante o uso de tecnologias avançadas, realidade aumentada, inteligência artificial e sistemas de simulação virtual.
Em 2019, foi inaugurado o Cimatec Park, em Camaçari, projeto que ampliou a atuação do Senai Cimatec, configurando-se um sistema de inovação que atende cadeias inteiras da indústria. Neste período, unidades integradas foram inauguradas, para atendimento das regiões de Ilhéus/Itabuna, Vitória da Conquista, Juazeiro e Luís Edaudro Magalhães\Barreiras, mais as unidades do Sesi e do IEL em Feira de Santana.
A CNI
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é comandada há 12 anos pelo empresário mineiro Robson Andrade. De acordo com o jornalista Daniel Rittne, do Valor Econômico, um racha inédito entre as federações estaduais foi contornado e Ricardo Alban obteve apoio para encabeçar uma chapa única. Com isso, Alban se encaminha para assumir em breve a maior entidade empresarial do país. O mandato do atual presidente Robson Andrade termina em outubro de 2023. A eleição na CNI, para um período de quatro anos, precisa ocorrer entre 180 dias (abril) e 90 dias (julho) antes disso.