“O futuro do mercado imobiliário é o futuro das pessoas”, disse o empresário José Azevedo Filho em entrevista exclusiva ao BadeValor. Segundo ele, que está à frente da Ello, imobiliária 100% baiana, que hoje tem um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 250 milhões, esse setor está mais forte e em plena transformação. “Houve mudança nos parâmetros urbanísticos, os empreendimentos estão inovadores, mais novos, com nova característica e unidades menores, porém, muito bem localizados. O bairro da Barra, por exemplo, tem sido um grande destaque, com muitos lançamentos modernos”.
Para essa mudança de perfil dos imóveis, Azevedo Filho observa que acompanha a nova configuração social, em que as pessoas privilegiam a localização e o bem-estar. “Com unidades menores, se paga menos pelo valor do imóvel. Então os empreendimentos exploraram bastante a sua área de lazer, mas diminuíram particularmente o seu tamanho pra poder atender à demanda da questão econômica”.
Outra razão elencada por ele é a questão sociocultural, considerando que as pessoas também mudaram de perfil. “Todos, inclusive os idosos querem curtir mais, viajar mais e aí não dá para viver em habitações grandes. Os filhos vão morar fora, vão morar em outro local, então por que grandes apartamentos como se tinha antes, né?, questiona.
Além desses fatores, ainda há o da rentabilidade. De acordo com o empresário, os investidores imobiliários preferem comprar unidades menores, que são mais fáceis e rápidas para a geração de negócios. “Sou suspeito, mas investir nesse mercado é sempre uma boa. Não consigo ver desvantagens, só se fizer uma má compra, mas aí pode ser imóvel, carro, computador. Mas para imóveis só vejo vantagens. É um investimento seguro, que não está sujeito a intempéries de mercado e a questões políticas. Também dá uma segurança familiar. Na maioria das vezes se deixa o imóvel pra a família”.
Expansão da Ello
Aproveitando todo esse boom imobiliário, a Ello Imóveis, que foi considerada por três vezes a melhor imobiliária da Bahia pelo prêmio concedido pela Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), colocou o pé no acelerador em 2020 e partiu para a expansão.
Além de ampliar os empreendimentos imobiliários que envolvem financiamento, a exemplo do programa Casa Verde e Amarela, está de olho em outros mercados. “A Ello já tinha atuado em outros estados desde o seu nascimento, mas com a crise iniciada em 2015, o impeachment, e outros fatores econômicos, afetaram nosso mercado e a gente se voltou para a Bahia e Região Metropolitana de Salvador. Mas ano passado, com a queda dos casos de Covid, as coisas voltaram a funcionar de forma surpreendente. Aí avançamos para o Rio de Janeiro e já temos em vistas São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Santa Catarina. Enfim, 2023, com certeza, já estaremos em plena expansão pra outros estados”, revela.
A Ello, segundo ele, trabalha basicamente com o mercado primário que é o imóvel na planta que chegam à empresa por meio dos construtores. São milhares de imóveis. “Só da Casa Verde Amarelo temos um número de unidades grande. Também trabalhamos com diversas outras coisas, coordenamos empreendimentos, fazemos a venda de alto padrão, loteamento, participamos de consultorias, de conselhos, de empreendimentos imobiliários, de fundos imobiliários, inclusive temos parcerias público-privadas”.
Na Bahia, o empresário vê o desequilíbrio de renda como um grande gargalo, mas seu potencial turístico a torna atrativa para o setor. “É um estado superinteressante. Vai desde pessoas extremamente preparadas, o que te provoca o tempo todo, a sua grande extensão territorial. As cidades têm características diversas, que passam por um produto de baixa renda até um produto de altíssimo padrão. Mas como a Bahia tem um lado muito interessante pela sua própria atividade turística, as pessoas de fora se tornam potenciais compradores e isso tudo é muito gostoso. Além do da própria característica cultural, é claro. Mas como falei antes, o futuro do mercado passa pelo futuro das pessoas, pela empregabilidade, pelo poder aquisitivo. Quando melhorarmos isso, o mercado vai ser ainda mais promissor do que já é”, finaliza.