A Braskem anunciou nesta quinta-feira (12), ao reportar os resultados do primeiro trimestre da companhia, que assinou o segundo contrato com a EDF Renewables América Latina para a compra de energia eólica, que viabilizará a construção de um novo complexo localizado no sudoeste da Bahia. Com expectativa de iniciar as operações em 2024, o novo complexo eólico abastecerá as operações da companhia com energia renovável durante 20 anos.
Esse é um dos vários projetos da petroquímica, que teve uma alta de 56% no lucro do primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2021. O lucro líquido foi de R$ 3,9 bilhões, sendo 632% acima do que registrou em 2019. E a receita líquida de vendas atingiu R$ 26,7 bilhões entre janeiro e março deste ano, uma alta de 18% do somou foi na mesma etapa do ano passado.
Já em relação ao Ebitda Recorrente de R$ 4,9 bilhões, 30% inferior ao primeiro trimestre do ano passado, o vice-presidente de finanças, suprimentos e relações institucionais, Pedro Freitas disse, durante coletiva acompanhada pela equipe do BADEVALOR que a alavancagem corporativa, medida pela relação dívida líquida ajustada/Ebitda Recorrente em dólares, encerrou o trimestre em 1,0x, enquanto a posição de caixa ficou em US$ 1,8 bilhão, patamar que garante a cobertura dos vencimentos de dívida pelos próximos 69 meses, não considerando o a linha de crédito rotativo internacional disponível até 2026. “A alavancagem continua baixa, portanto, a Braskem está em uma situação financeira muito confortável”.
De acordo com Freitas, o Ebitda em queda foi devido à normalização dos spreads internacionais dos químicos polietileno (PE) e Polipropileno (PP), no Brasil e PP nos Estados Unidos e PE no México, assim como do menor volume de vendas de resinas no Brasil e PP na Europa e a valorização de 4,4% do real frente ao dólar.
No Brasil, a produção teve um aumento de um ponto percentual no 1T22 em relação ao último trimestre do ano passado e quatro pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre. “Tivemos um bom trimestre na operação de produção e nas vendas tivemos um aumento de demanda e recomposição de estoque na cadeia de resinas e consequente redução de exportações. Nos Estados Unidos tivemos uma parada programada de manutenção no último semestre, mas voltamos a funcionar em plena carga, assim como na Europa”.
“Apesar da volatilidade do cenário no período por causa das tensões geopolíticas, a Braskem apresentou no trimestre um bom resultado, em função da estratégia de diversificação de matéria-prima e de geografias que implementou na última década. Com isso, a companhia se tornou uma empresa mais resiliente a essas variações de mercado”, afirma Roberto Simões, presidente da Braskem.
Esses resultados contribuíram também para a contratação de mais pessoas. Neste ano foram 270 contratados, sendo 40% de pessoas negras, 55% de baixa renda e 54% de mulheres. Também tem um processo piloto exclusivo para pessoas com deficiência. Até o momento, a empresa já contratou 12 PCD.
Pagamento de dividendos
Com base no resultado do ano de 2021, a Braskem realizou neste mês de maio o pagamento de dividendos de R$ 1,35 bilhão. Somados aos R$ 6 bilhões pagos em antecipação em dezembro, o total de dividendos foi de 7,35 bilhões, ou seja, 77,5% do lucro líquido ajustado do ano passado.
Outra conquista entre janeiro e março foi a implementação do Conselho Consultivo de Desenvolvimento Sustentável, que apoiará as estratégias de combate às mudanças climáticas. O conselho é formado por quatro especialistas independentes selecionados com base em suas experiências e diversidade de perfis. Esse conselho externo vai auxiliar o Comitê Global de Desenvolvimento Sustentável, composto pelos executivos da companhia, no direcionamento das estratégias para 2030 e 2050.
Inclusive, os negócios renováveis e de reciclagem, e a melhoria da produtividade dos ativos existentes fazem parte do plano de expansão da companhia. Tanto que, neste ano já registra marcos importantes na frente de expansão nessa área, como a assinatura de contrato de uma joint venture nos Países Baixos com a Terra Circular, anunciado hoje pela pretroquímica. A joint venture vai utilizar uma tecnologia inovadora para converter resíduo plástico de baixa qualidade em artigos finais. A capacidade de reciclagem do empreendimento é de 23 mil toneladas por ano de resíduos plásticos mistos em peças moldadas por compressão (placas para uso em construção e paletes). Uma vez atendidas as condições precedentes, a Braskem se tornará controladora da joint venture, com a possibilidade de estender o uso da tecnologia para outras regiões.
Em março, foi inaugurada a primeira linha de reciclagem mecânica do Brasil em Indaiatuba (SP). O projeto é fruto da parceria com a Valoren, empresa desenvolvedora de tecnologia e gestora de resíduos para transformação em produtos reciclados. A expectativa é de que sejam produzidas 14 mil toneladas de resina de alta qualidade a partir da reciclagem de 250 milhões de embalagens pós-consumo feitas de polietileno e polipropileno. Essa resina será reutilizada como matéria-prima na indústria de transformação.
Contratos de cooperação
A Braskem também anunciou a assinatura do contrato de cooperação com a Sojitz Corporation para constituição de uma joint venture para a produção e comercialização de bio-MEG (monoetilenoglicol) e bio-MPG (monopropileno glicol), condicionados à conclusão do desenvolvimento da tecnologia. O plano de negócios da joint venture prevê na primeira fase investimentos para implementação de três plantas industriais, condicionados à conclusão do desenvolvimento da tecnologia, a qual contará com o apoio e a expertise da dinamarquesa Haldor Topsoe.
Além disso, a Braskem adquiriu uma participação acionária minoritária nas geradoras de energia eólica Ventos de Santa Amélia e Ventos de Santo Abelardo, ambas controladas pelo FIP Salus do grupo Casa dos Ventos, inserindo a Companhia no regime de autoprodução de energia renovável.
Nos Estados Unidos, a Braskem adquiriu participação acionária minoritária na Nexus Circular, empresa que atua em reciclagem avançada que converte plásticos destinados a aterros sanitários em matérias-primas circulares, usadas na produção de plásticos virgens sustentáveis.
Alagoas
No Nordeste brasileiro, em Alagoas, a empresa dá continuidade à implementação do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, que é fruto do acordo entre a Braskem e autoridades alagoanas para o atendimento da população afetada pelo fenômeno geológico em Maceió.
Até este mês, mais de 14 mil imóveis já foram desocupados, ultrapassando 97% da área definida pela Defesa Civil. Mais de 13 mil propostas de indenização foram apresentadas, com 99,5% de aceitação. Dessas, 10,2 mil indenizações já foram pagas, num total de R$ 2,18 bilhões entre indenizações e auxílios financeiros. Mais de 3,4 mil propostas de compensação foram apresentadas para comerciantes e empresários.
Segundo Freitas, a companhia está cumprindo integralmente os compromissos assumidos e já tem planejadas a conclusão do diagnóstico ambiental da área e avanço significativo no diagnóstico social, a conclusão do Plano de Mobilidade Urbana e o início das ações, previsto para o próximo trimestre, assim como o início das obras de demolição da encosta do Mutange e seguimento no plano de fechamento dos poços de sal.