Desde o último dia 8 de abril, a Caixa começou a contratação do FGTS Futuro, que vem ganhando destaque como uma modalidade de financiamento habitacional que promete ampliar o acesso à moradia para milhares de brasileiros. Mas o que é o FGTS Futuro e como ele funciona?
Essa modalidade permite que os trabalhadores utilizem parte dos depósitos mensais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para financiar a aquisição de imóveis, especialmente aqueles enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), destinados a famílias com renda mensal de até R$ 2.640. Inicialmente, o FGTS Futuro se concentra na Faixa 1 do programa habitacional, o que abre oportunidades para uma parcela significativa da população.
Seu funcionamento é simples: os trabalhadores têm a opção de destinar até 8% dos depósitos mensais do FGTS para compor sua renda no momento do financiamento. Esse valor é então bloqueado na conta vinculada durante um período de até 120 meses (dez anos), sendo utilizado para abater o saldo devedor do financiamento ao longo do tempo.
Efeitos para a população
De acordo com o diretor Comercial e Crédito da MRV no Nordeste, Alessandro Almeida da Silva, com essa nova modalidade o governo estima beneficiar até 43,1 mil famílias nesse perfil, ou seja, mais pessoas poderão adquirir um imóvel no país. Ele ressalta que, atualmente, a MRV tem 30% de suas vendas dentro do MCMV na Faixa 1. Agora, com essa nova modalidade, a companhia estima chegar a 40% de vendas dentro desta faixa do programa.
Mesmo diante dos benefícios, Alessandro alerta para os riscos. “Em caso de demissão, o trabalhador não poderá sacar saldo comprometido com o financiamento do imóvel. O excedente disponível na conta é utilizado para reduzir a dívida. A Caixa Econômica Federal suspenderá o valor referente ao FGTS Futuro por até seis meses, com o valor não pago sendo incorporado ao saldo devedor. Seria um prazo para que o tomador do crédito conseguisse se recolocar profissionalmente, em outra vaga CLT, sem ter de arcar com um pagamento mensal maior. Mas, em caso de aumento na renda que impacte o valor do FGTS recebido, isso é positivo para os trabalhadores, pois diminui o prazo do contrato de financiamento habitacional com garantia em depósitos futuros do fundo”, explica o diretor.
Já para o CEO da Inova Empreendimentos, Ricardo Peleteiro, essa decisão pode trazer diversos impactos positivos para a população, entre eles, o de viabilizar o uso dos recursos do FGTS “futuro” no financiamento de imóveis pelo MCMV. “Isto torna o programa mais acessível à moradia para trabalhadores com renda mínima, contribuindo assim para realizar o sonho da casa própria e ajudando na redução do déficit habitacional do país”.
Sobre os riscos, Peleteiro diz que o uso dos recursos do FGT para financiamento de moradia pode restringir as opções futuras dos trabalhadores. “Em relação ao uso desses recursos para outros fins, como aposentadoria ou situações de emergência financeira, por exemplo, pode comprometer a renda. Além disso, como em qualquer transação de crédito, há sempre o risco de inadimplência, que poderia resultar na perda do imóvel e em dificuldades financeiras para os trabalhadores”, avalia.
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