Com forte presença na Bahia, a indústria química enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história no país. Para se ter uma ideia, o índice de utilização da capacidade instalada das fábricas brasileiras atingiu 58% em maio passado. Este é o menor nível observado em 34 anos, segundo a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) – a entidade que representa o setor.
Já a produção recuou 7,77% em maio em relação a abril, acumulando assim uma desaceleração expressiva de 16,17% no bimestre abril-maio.
O que está acontecendo?
Primeiro, as importações estão aumentando ano a ano, passando de cerca de 7%, no início dos anos 1990, para 48% nos últimos 12 meses. Se não bastasse, a indústria química brasileira vem sendo muito impactada pela falta de competitividade de suas principais matérias-primas.
É o caso do gás natural. Enquanto a indústria nacional paga cerca de US$14,6/MMBTU, sem impostos, o mesmo gás é vendido por cerca de US$2,82/MMBTU nos Estados Unidos, ou seja, quase cinco vezes menos.
Impossível concorrer, concordam? E a consequência disso?
Algumas empresas acenam para a hibernação de unidades, querem interromper a produção. Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, com este nível de ocupação, as empresas necessitam realizar mais paradas para manutenção.
“Algumas empresas, portanto, acenam, no momento, para a hibernação de unidades, em decorrência da baixa eficiência operacional, além de aumento nas emissões de CO², por tonelada de produto, e, consequentemente, maiores custos de produção. Nesse nível de operação não há atratividade para manter a produção atual e tampouco atrair novos investimentos para o setor”, diz ela.
Fábricas paradas significam produção ainda menor, demissões, corte de investimentos e menos arrecadação de impostos para a União, estados e municípios. Se o cenário permanecer por muito mais tempo, vai ocorrer o fechamento definitivo de unidades.
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