Convidada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para representar o setor algodoeiro, a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Alessandra Zanotto Costa, participou da solenidade de inauguração da nova sede da ApexBrasil, realizada nesta segunda-feira (15), em Brasília. A cerimônia também celebrou a abertura de 500 novos mercados internacionais entre 2023 e 2025 e teve presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, dentre outras autoridades. A nova sede da ApexBrasil foi concebida como um espaço integrado à cidade. Com cerca de 17 mil metros quadrados, sua localização é estratégica próxima, ao Parque da Cidade, em Brasília.
Em seu discurso, Alessandra afirmou falar “como quem vive o campo no dia a dia, conhece os riscos da atividade e entende que produzir bem é apenas parte do desafio”. Para a presidente da Abapa, o papel da ApexBrasil é estratégico. “O produtor brasileiro produz com qualidade, eficiência e responsabilidade, mas produzir bem não é suficiente. O verdadeiro desafio é transformar produção em mercado, mercado em valor e valor em desenvolvimento. É exatamente nesse ponto que a ApexBrasil é fundamental”, afirmou. Como exemplo, a presidente da Abapa citou o Cotton Brazil como um catalisador das exportações da fibra, afirmando que o projeto setorial desenvolvido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e pela ApexBrasil, ilustra uma bem-sucedida iniciativa de promoção internacional.
A presidente da Abapa também reconheceu o trabalho dos adidos agrícolas, embaixadores e equipes diplomáticas brasileiras na abertura e manutenção de mercados, além de iniciativas como o Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), da ApexBrasil, que prepara empresas e cadeias produtivas para atuar no comércio internacional.
Mais do que cifras
A dirigente ressaltou o papel do algodão como uma fibra alinhada às demandas contemporâneas. “O algodão é natural, biodegradável, reciclável e não polui oceanos, animais ou pessoas com microplásticos. Existe uma história e um compromisso por trás de cada camiseta e de cada calça jeans, e precisamos comunicar isso cada vez mais ao consumidor”, afirmou, destacando também a importância da ApexBrasil nesse processo de conscientização. Alessandra fez questão de ressaltar o papel da Bahia nessa trajetória. No Oeste baiano, a cultura foi vetor de desenvolvimento regional, estruturando uma cadeia moderna, competitiva e sustentável, construída com diálogo institucional e uma relação madura com o Governo do Estado.
Alessandra chamou atenção para a importância de fortalecer a indústria nacional, especialmente o setor têxtil, como forma de agregar valor à produção. Segundo ela, o parque industrial brasileiro consome atualmente cerca de 750 mil toneladas de algodão por ano, com potencial para alcançar 1 milhão de toneladas. Ao final do evento, a presidente teve a oportunidade de conversar com os ministros Favaro e Alckmin, enfatizando a importância de seguirem em frente – governo e iniciativa privada – em políticas públicas a favor das fibras naturais.
Superação
Durante o evento, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a trajetória de superação da cotonicultura brasileira e o papel dos produtores na reconstrução do setor após períodos de dificuldade. “Temos que agradecer aos empresários brasileiros que acreditaram que era possível voltar a produzir algodão depois do bicudo, melhorar a qualidade e transformar o produto em um dos mais exportados do mundo”, afirmou.
Em 2024, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão, respondendo por cerca de 33% das exportações globais. Para a safra 2024/2025, a expectativa é de embarques da ordem de 2,8 milhões de toneladas, com geração de aproximadamente US$ 4,8 bilhões em divisas. Já para 2025/2026, a projeção é superar 3 milhões de toneladas exportadas, com receitas acima de US$ 5 bilhões. Atualmente, o setor atua de forma estruturada em dez mercados prioritários, que concentram 96% das importações globais da fibra, com crescimento da participação brasileira em todos eles desde 2019, incluindo destinos como Índia e Egito.
Novos mercados
Para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, a maior força da Agência está na atuação direta do governo federal na promoção internacional do País. “A estratégia de inserção global passou por uma mudança de rumo, com a retomada do diálogo com diferentes países e líderes globais, fortalecendo a imagem do Brasil no exterior”, argumentou. Já o presidente da República ressaltou que a abertura dos 500 novos mercados reflete o amadurecimento da relação entre o governo e o setor empresarial. “O que interessa é a qualidade daquilo que a gente está oferecendo. Não só de preço, mas também de qualidade. E é isso que a gente está fazendo”, afirmou.
Na mesma linha, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avaliou que os novos mercados abertos comprovam a capacidade da exportação brasileira. “O empresário, do outro lado, compra um produto, faz o primeiro contêiner, vê que ele é bom, que chega na hora certa, que tem demanda e o Brasil aguenta suprir, e isso amplia o fruto desses 500 mercados”, garantiu. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin destacou os efeitos positivos da reforma tributária sobre o comércio exterior. Segundo ele, a desoneração total das exportações poderá elevar em até 17% o volume exportado pelo Brasil após sua implementação completa, conforme estudo do Ipea. Alckmin também projetou que o País deve alcançar recorde de US$ 345 bilhões em exportações neste ano.
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