A Tecon Salvador está se firmando como uma via de escoamento regular para a exportação de algodão baiano, oferecendo uma alternativa viável aos gargalos logísticos enfrentados pelos portos do Sul e Sudeste do Brasil. Muitos investimentos foram realizados em sua infraestrutura, proporcionando gestão, organização e agilidade, além de maior flexibilidade nas janelas de embarque para os mesmos destinos.
Ao BA DE VALOR, o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi, disse que a rota direta de Salvador para a Ásia, operada pela armadora MSC, já é uma realidade, embora ainda seja necessário ajustar a disponibilidade de contêineres para embarcar o algodão na Bahia. “Além disso, a colaboração com a Anea, Abrapa e todo o setor logístico vai firmando Salvador como um ponto estratégico para a exportação, gerando benefícios diretos para a economia local, com mais empregos e uma cadeia produtiva valorizada”, destaca.
Para ele, a exportação de algodão na Bahia tem mostrado um crescimento significativo nos últimos anos, com a região oeste se consolidando como uma das principais produtoras do Brasil. “As condições climáticas favoráveis, aliadas a práticas agrícolas modernas, têm sido fundamentais para esse desempenho. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o volume exportado de algodão baiano em 2024 foi de 225.512 toneladas de algodão em pluma”, conta.
Liderança local
O município de Barreiras lidera a produção, superando um milhão de toneladas de algodão em caroço, o que equivale a aproximadamente 450 mil toneladas de algodão em pluma. São Desidério vem logo em seguida, de acordo com levantamentos do IBGE. A previsão para o setor este ano é de exportar cerca de 330 mil toneladas de algodão em pluma, com um valor aproximado de US$ 600 milhões. Embora boa parte da safra seja destinada ao mercado externo, principalmente devido aos contratos internacionais mais vantajosos, uma parcela significativa atenderá o mercado interno conforme a demanda.
Mas para Bergamaschi, a exportação de algodão da Bahia ainda precisa vencer muitos desafios. Entre eles estão as melhorias necessárias na infraestrutura logística, incluindo estradas e portos, bem como a negociação de preços de frete marítimo compatíveis com os praticados no Porto de Santos. “Existe também a necessidade de maior disponibilidade de contêineres e locais para o carregamento desses, além de retroáreas (áreas externas aos portos que abrigam atividades logísticas e aduaneiras) no processo de estufagem”, observa.
O escoamento de produtos pelo Porto de Santos, conforme o presidente da Abapa, movimenta cerca de 90% do algodão exportado pelo país, exigindo maior efetividade logística devido ao aumento da oferta de produtos agrícolas. “Recentemente, foram enviados produtos em navios de última geração, com capacidade ampliada para contêineres, impactando positivamente o custo do frete marítimo. Alternativas como o porto de Salvador estão sendo exploradas, com a expectativa de agregar valor ao algodão produzido na Bahia”, observa.
Para resolver os gargalos logísticos, Bergamasvchi destaca a necessidade de se favorecer o escoamento dos produtos agropecuários pelo porto de Salvador. “Precisamos unir os esforços de todos os elos envolvidos na exportação, incluindo os governos estadual e federal. Com uma rota direta para a Ásia, principal destino da fibra baiana, operada pela armadora MSC, a Bahia está bem posicionada para se tornar um ponto estratégico na exportação de algodão, fortalecendo a economia local e valorizando a cadeia produtiva”, completa.
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