Por Gerson Brasil
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, abandonou, momentaneamente, as refregas com Jair, e resolveu sacar agenda positiva, com efeitos práticos sobre a retomada da economia, mas aprovou um abono salarial que vai custar R$ 76 bilhões à União.
Isso se deu na conclusão da Reforma da Previdência, em primeiro turno, a ser retificada no segundo, mas a malvadez reduziu o trilhão de reais que Guedes quer poupar para R$ 800 bilhões. Isto depois do Congresso já o ter colocado no patamar de R$ 850 bilhões.
O ministro já avisou que dará o troco, mas não fez declaração de guerra. Acusou o golpe e já avisou que vai recompor as perdas reduzindo os recursos para estados e municípios. Porém, Alcolumbre foi mais adiante e exige uma ajude substancial da União para governadores e prefeitos com situação fiscal difícil e, em alguns casos, deplorável.
O ministro já avisou que dará o troco, mas não fez declaração de guerra
O presidente do Senado também quer ver resolvido, e de imediato, o pacto federativo, que daria autorização para União, estados e municípios gastarem sem se preocupar em seguir à risca os percentuais estipulados para as despesas obrigatórias.
Senadores também querem um ponto final para securitização das dívidas dos estados, o fim ou o abrandamento da Lei Kandir, que traz prejuízos bilionários aos governadores. Só Minas fala em R$ 135 bilhões que não entraram nos cofres. Essa Lei é de 1996 e isentou de ICMS as exportações de produtos primários, como itens agrícolas, semielaborados ou serviços.
Mas o Senado exige também a joia da coroa, a repartição dos bilhões da cessão onerosa da Petrobras, sobre o excedente da produção de petróleo no pré-sal. Estamos falando da bagatela de R$ 10,5 bilhões para estados e o mesmo valor para os municípios.
Maia, que concorda com Alcolumbre e tem sua própria agenda positiva, se juntou aos deputados e resolveu entrar no jogo da cessão onerosa, mesmo não tendo perdido um centavo com a Lei Kandir. Quer que a Câmara distribua a dinheirama.
Mas o Senado exige também a joia da coroa, a repartição dos bilhões da cessão onerosa da Petrobras
A reação veio de imediato. Governadores e senadores ficaram uma arara, e Maia se disse até ameaçado de morte, em razão dessa singela proposta.
Menos nove essa malvadeza de Maia e deputados, a agenda de Guedes não é incompatível com a do Senado e a da Câmara, salvo alguns pontos aqui e ali, mas nada que o faça ficar furioso. Mas encena.
O ministro é favorável ao fim das despesas obrigatórias e dos reajustes automáticos (pela inflação ou por outros indicadores) e uma maior repartição de recursos federais com estados e municípios. Em entrevista recente, elogiou a Câmara e o Senado sapecando afagos.
Maia e Alcolumbre miram a economia – o que importa; deixaram a pauta política para as esquerdas com as sandices sobre Previdência, Orçamento, déficit e também o Lula Livre. Claro, costuram suas alianças, mas confluem suas agendas com a de Guedes, embora o provoquem.
Se der certo, ótimo, se não der certo, culpa-se o governo. E Jair? Bem, Jair está a fazer sua tradução livre sobre diplomacia, Amazônia e até Lula. “Se ele quer ficar preso, deixa ele ficar preso”.
É irritante? É. Mas, o que fazer com Jair? Lenin deu a resposta no livro “O que fazer?” Tornar a classe operária o sujeito histórico, capaz de derrotar o capitalismo e afirmar o comunismo. É indigesto? Então, dê um carão em Jair. No YouTube, Alice Caymmi, com o timbre da tia Nana, visita Cássia Eller em E.T.C. “Levo o mundo e não vou lá”. Sugestivo; risos.