O Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU/BA) divulgou hoje uma nota pública com uma série de críticas ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, aprovado na primeira quinzena deste mês pela Câmara de Vereadores de Salvador. Dentre outras coisas, o Conselho afirma que o PDDU não tem base técnica, pois os dados que utilizou não são atuais, nem se ancoram em um plano de longo prazo e metropolitano. Diz ainda que não prioriza o fortalecimento da economia urbana e não há nenhum plano ou compromisso de urbanização de comunidades carentes.
“Não há uma instância de articulação entre as ações da Prefeitura e do Governo do Estado no território de Salvador, com obras inteiramente desarticuladas, como a Via Expressa e a Linha 2 do Metrô, que impedem a integração das duas Salvador, a rica e a pobre, e destroem parte importantíssima do nosso verde”, diz o documento. O nota afirma ainda que “esses erros elementares se devem ao processo de elaboração do PDDU, que desprezou o saber local e só ouviu o setor imobiliário, quando a economia de Salvador não se restringe apenas às imobiliária e empreiteiras e a qualidade de vida urbana é coisa muito mais complexa”.
O Conselho elogia a criação de dois parques marinhos- Barra e Maré – mas afirma que outras ações, como a construção da Via Atlântica, não só destruirá o Vale Encantado como a Bacia de Amortecimento do Baixo Trobogy, ora em execução ao custo de R$ 140 milhões, provocando o alagamento dos loteamentos vizinhos.
“Nenhuma obra e medida para evitar os frequentes alagamentos da cidade foi adotada e algumas obras projetadas, como o BRT Lapa/Iguatemi, só irá agravar o problema. A legislação referente a Faixa de Bordo da Orla Atlântica só levou em consideração o sombreamento da praia. Devido a estrutura minifundista da faixa, tal legislação não evitará a criação de uma barreira aos ventos do quadrante leste essenciais à aeração de toda a cidade. Nenhuma proteção foi prevista às dunas e coqueiral do Litoral Norte”, afirma o documento.