Com um investimento robusto de R$1,27 bilhão, a Bravo Motor Company Brasil Energy está prestes a transformar o cenário econômico e industrial da Bahia com a instalação da primeira fábrica de baterias de lítio da América Latina. Esse aporte financeiro será distribuído ao longo de três anos e meio com maior ênfase em equipamentos de produção, seguido pela construção e desenvolvimento de fornecedores e mão de obra, como conta o CEO da Bravo Motor Company Brasil Energy S.A, Eduardo Javier Muñoz, nesta entrevista exclusiva ao BA DE VALOR. Ele revela que, na fase inicial, a fábrica criará 450 empregos diretos, número que deve mais do que dobrar até o terceiro ano. A demanda por profissionais será diversificada, abrangendo engenheiros químicos, elétricos, civis, mecânicos, além de técnicos elétricos e operários de chão de fábrica. Em termos de faturamento, a Bravo Motor Company projeta uma receita anual de aproximadamente R$1,28 bilhão já no segundo ano de operação, com uma capacidade produtiva de 2 GWh/ano
JOANA LOPO – Com o anúncio do investimento de R$ 1,27 bilhão na instalação da primeira fábrica de baterias de lítio da América Latina na Bahia, quais são as principais áreas que receberão esse capital e como o investimento será distribuído ao longo do desenvolvimento do projeto?
EDUARDO JAVIER MUNÕZ – Investimento em equipamentos de produção é o mais alto, seguido de construção e desenvolvimento de fornecedores e mão de obra. Esse nível de investimento é o planejado nos próximos três anos e meio. O projeto tem por objetivo atingir os 35 GWh ano em 10 anos.
JL – Qual a previsão da Bravo Motor Company Brasil Energy para geração de emprego? Quais serão os perfis profissionais mais demandados nessa fase inicial da fábrica e como a empresa pretende capacitar a mão de obra local?
EJM – Ao projeto apresentado na Bahia, em aproximadamente 10 anos de desenvolvimento, falamos em 450 empregos na fase um, subindo para mais do dobro no ano três. Teremos demandas variadas, desde profissionais da engenharias química, eétrica, civil, produção, mecânica etc até técnicos elétricos, chão de fábrica, etc.
A educação dos filhos dos nossos funcionários e capacitação dos funcionários são fatores fundamentais, especialmente dos funcionários locais, queremos ter um forte impacto na nossa comunidade.
JL – E em relação ao faturamento e projeções econômicas, considerando o potencial produtivo de 2 Gigawatts hora/ano, quais são as expectativas de faturamento da Bravo Motor Company no Brasil nos primeiros anos de operação e como isso pode impactar a economia do estado da Bahia?
EMJ – O faturamento para o segundo ano de operações, já com 2 GWh ano de capacidade de produção, será de aproximadamente de R$1,28 bilhão anual, claro que isso dependerá de que produtos da gama sejam os mais influentes na demanda. O impacto sobre a economia pode ir além do nosso faturamento, mas fundamentalmente relacionado com o que os nossos produtos podem viabilizar ou atrair.
Levar energia de forma imediata com microredes baseadas em sistemas de armazenamento de energia pode gerar um boom produtivo no agro, agregação de valor à produção agrícola, pesca, frutas etc, além de dar resiliência energética para indústrias e cidades. O impacto de podermos guardar a grande escala energia quando esta sobrando para disponibilizar quando esta faltando, assim como zerar emissões de frotas de veículos, são fatores de impacto importante em áreas como indústria, comércio, energia e saúde.
JL – Em relação aos clientes e mercado-alvo, quais são os principais clientes ou setores que devem se beneficiar diretamente da produção de baterias e células de íon de lítio da Bravo? Haverá um foco inicial em atender o mercado brasileiro ou a empresa já visa exportar? Já tem alguma parceria definida, com a BYD, por exemplo?
EJM – Os setores de energia e mobilidade são os destinos naturais dos nossos produtos, mesmo que a partir deles podemos ter na indústria, agro, construção, etc. um volume importante de negócios. O programa Mover anunciado pelo Governo Federal e os investimentos em veículos híbridos e elétricos anunciados pelo setor automotivo irão disparar a demanda de baterias de lítio no país, assim como o constante crescimento das fontes de energia renovável como solar, eólica ou hidrogênio verde, neste cenário a produção de baterias no país tem um campo fértil para o crescimento.
Temos conversas constantes com o setor automotivo, seus fornecedores de Battery packs (baterias de carro elétrico ou híbrido), assim como o setor produtivo precisando de resiliência energética.
Sobre a BYD, esperamos poder gerar uma relação de colaboração e parceria de longo prazo, o mercado e a conjuntura requerem colaboração.
JL – E sobre as perspectivas de expansão, outras empresas poderão seguir o exemplo da Bravo, criando um Hub de economia verde na Bahia. Quais são as próximas etapas para consolidar esse polo industrial e que outras empresas ou setores estão em negociação para se instalarem no estado?
EJM – A economia verde tem como célula fundamental as baterias, a consolidação da fábrica orgânica e naturalmente gerar um Hub ao seu redor ou vinculado a ela. Desde a cadeia de suprimentos com o surgimento de um polo eletroquímico, até indústrias que usem baterias como veículos elétricos, ferramentas, etc.
Já em conversações e ligadas à gente, tanto plantas de óxidos de minérios, como anodos e catodos estão sendo discutidas.
JL – Quais são os principais desafios logísticos e de infraestrutura que a Bravo prevê enfrentar para instalar e operar essa fábrica de baterias de lítio em São Sebastião do Passé, e como a empresa planeja superá-los?
EJM – Como todo empreendimento inovador, estamos e vamos encontrar desafios, claramente, mas nessas áreas que você menciona na pergunta, temos certa tranquilidade. A planta está estrategicamente situada sobre a BR-324, com dois portos a menos de 55 km, conectada por terra com o restante do país por estradas federais importantes. É claro que teremos que pleitear várias coisas em relação à infraestrutura como acesso à rede elétrica com potência de acordo com as nossas necessidades (mesmo que a autogeração e armazenamento próprio de energia facilitará bastante essa questão), acessos para circulação de caminhões saindo e ingressando na estrada, retornos, etc, mas temos o compromisso do estado e município de total apoio nestas questões na medida que formos demandando soluções.
Entendemos que o nosso maior desafio estará relacionado com a formação da nossa força laboral, além da infraestrutura, moradia, transporte para funcionários, educação, saúde, etc. Nestas áreas também temos sinalização de apoio do setor público.
JL – Por fim, sobre sustentabilidade e economia verde, a escolha da Bahia foi influenciada pelo comprometimento do estado com a economia verde. Quais são as principais práticas sustentáveis e de preservação ambiental que a Bravo Motor Company adotará na operação da fábrica, e como a empresa pretende contribuir para a descarbonização e o uso de energias limpas na região?
EJM – A BMC é uma empresa de inovação na descarbonização, o nosso compromisso com o meio ambiente e a saúde dos nossos funcionários e da comunidade é total. Prevemos ter o menor impacto possível tanto em temas relacionados com a utilização de água, reciclando o que é utilizado no processo produtivo e operacional, como em relação com a energia. As emissões de movimentação interna serão zero, pelo uso de veículos elétricos e 100% da energia consumida será de fontes renováveis, seja de geração própria como contratada. O rejeito de produção é coletado e reciclado pelo que o impacto de resíduos produtivos é mínimo.
Temos uma fundação na Califórnia que pretendemos criar como Instituto aqui, chamada EVShare, que promove o uso de veículos elétricos na mobilidade como serviço, movendo tanto pessoas como mercadorias. EVShare auxiliará na adoção do veículo elétrico na mobilidade dos municípios baianos e brasileiros, assim como auxiliará na expansão da utilização de energia de fonte renovável.
Os nossos produtos podem mudar a realidade de vários setores, fazendo eles mais limpos e produtivos.
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