O economista Ilan Goldfajn, indicado para presidir o Banco Central, promete rigor no combate à inflação e empenho da autoridade monetária para atingir a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo ele, essa é uma das condições para devolver a confiança e o crescimento ao país. “[Meu objetivo] será cumprir plenamente o centro da meta”, disse.
Goldfajn está sendo sabatinado hoje (7) pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal (CAE). Caso o nome seja aprovado, ainda hoje a CAE envia mensagem ao plenário do Senado, com preferência de votação, para a apreciação do nome dele para presidir o Banco Central (BC).
Pesquisa divulgada ontem pelo BC indica que a projeção de instituições financeiras para a inflação este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi ajustada de 7,06% para 7,12%. A estimativa está acima do centro da meta de 4,5%. O limite superior da meta inflacionária é de 6,5% este ano e 6% em 2017.
“À frente do Banco Central, retribuirei a confiança em mim depositada atingindo a meta de inflação e assim contribuindo para a recuperação do crescimento econômico sustentável e para o progresso social do país, com benefícios para todas as camadas sociais, especialmente as menos favorecidas, que sofrem mais com a perda do poder de compra da moeda”, disse.
Segundo ele, a missão do BC é bem definida e amplamente conhecida: assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. “Neste sentido, a primeira contribuição do Banco Central para a sociedade brasileira é a manutenção de um nível de inflação baixo e estável”, destacou.
Goldfajn disse ainda que outra contribuição que o Banco Central pode dar à sociedade é assegurar que o Sistema Financeiro Nacional continue sólido e eficiente, capaz de prestar serviços financeiros adequados à população, além permitir o gerenciamento de riscos financeiros de consumidores e de empresas, e de intermediar recursos com eficácia entre poupadores e tomadores, entre outras funções.
“Para isso, o Banco Central conta com uma regulação prudente e com uma supervisão abrangente e profunda , reconhecidas por sua eficácia e sucesso, conforme foi demonstrado no passado e o tem sido no presente”, disse.
Política fiscal – Goldfajn disse que pretende colocar a política fiscal em ordem para aumentar a confiança. “Medidas que estão sendo estudadas podem ajudar. É importante retomar a confiança. Se houver a confiança, o investimento deverá voltar. O investimento vem caindo há trimestres seguintes. O investimento voltando se consegue a retomada do crescimento”, destacou.
Ele disse, ainda, que é factível a volta do crescimento no fim deste ano ou em 2017, se houver o retorno da confiança e as medidas que serão enviadas ao Congresso Nacional sejam aprovadas.
Ilan Goldfajn disse, ainda, que a taxa de poupança no Brasil é baixa e defendeu mecanismos para melhorar esse cenário, além de reduzir as incertezas para que se possa investir no Brasil.
Além disso, afirmou que considera “imprescindível” manter e aprimorar a autonomia do Banco Central. “Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante a redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança”, explicou.
Taxa Selic – A sabatina é realizada no mesmo dia em que ocorrerá a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no Banco Central, que anunciará amanhã (8) a tendência da taxa básica de juros (Selic), neste momento em 14,25% ao ano. Goldfajn não deverá assumir a tempo de participar da reunião do Copom. Atualmente, o BC é dirigido pelo funcionário de carreira do banco Alexandre Tombini, presidente da instituição desde janeiro de 2011.
Na condição de presidente do Banco Central, Goldfajn vai coordenar a política monetária e cambial do país. Ele tem experiência no setor público: exerceu o cargo de diretor de Política Econômica do BC entre 2000 e 2003, na gestão do ex-ministro Armínio Fraga. Antes de ser indicado, era economista-chefe do Itaú Unibanco e sócio da instituição. O Banco Central informou, porém, que ele já se desfez da participação acionária e do vínculo com o banco para poder retornar ao governo.
No seu histórico profissional também figura a diretoria do Centro de Debates de Políticas Públicas. Foi também diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa em Economia da Casa das Garças, entre 2006 e 2009, sócio-fundador da Ciano Consultoria (2008 e 2009), sócio-fundador e gestor da Ciano Investimentos (2007-2008) e sócio da Gávea Investimentos (2003-2006), onde foi responsável pelas áreas de pesquisas macroeconômicas e análise de risco.
Goldfajn é economista, com mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Atuou como consultor de organizações internacionais (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Nações Unidas), do governo brasileiro e do setor privado.
Nome certo – Quando foi escolhido pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, disse que considerava a escolha de Goldfajn positiva. “Acho um nome excepcional, muito qualificado com passagem pelo governo, com muitos trabalhos acadêmicos publicados na área de política monetária. Tem experiência do lado público e do lado privado. E acho que ele tem credibilidade com sobra para poder cortar os juros”, disse na ocasião.
Já o professor de macroeconomia do Ibmec-RJ e economista da Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Alexandre Espírito Santo, também ressaltou a formação acadêmica de Goldfajn e a experiência no mercado financeiro e no BC.
“É um dos mais competentes e preparados economistas que o país tem. Já mostrou isso quando foi diretor do Banco Central e tem uma formação extraordinária, acadêmica. Tem muita experiência como economista e sócio do Itaú”, destacou quando soube da indicação de Goldfajn.