“Que mulher é essa? / Ela é a estrela do picadeiro deixa a gente animada / Ela é a dona de casa sobre rodas, mas equilibrada / Ela é a domadora / A do globo da morte / A que sempre se joga para o lado da sorte / Ela é a mulher que faz o que quer / Até palhaçada / Que mulher é essa? É a mulher do circo! / É uma beldade, uma divindade, uma aparição, assombração / Me deixas louca… Quero ver mais de ti!”.
A canção acima, imortalizada na voz da cantora e artista circense Tetê Purezempla, evidencia a força e poder da mulher no Circo. Com objetivo de celebrar e homenagear o protagonismo feminino de diferentes gerações, formações e modos de produção nas artes circenses brasileiras, principalmente, na Bahia, o Circo Picolino será picadeiro para “A Noite do Tapete Vermelho”, a ser realizada no dia 26 de outubro, a partir das 19h. Uma cerimônia com apresentações de performances artísticas, desfiles, poesia, teatro e muita arte circense.
A noite celebrativa terá um grande espetáculo circenses chamado “A Mulher do Circo – A Noite do Tapete Vermelho”, com direito a uma banda totalmente feminina, com curadoria e direção artística de Luana Tamaoki Serrat (atual gestora do Circo Picolino) e co-criação das artistas circenses Verônica Tamaoki, Nina Porto, Nana Porto e Wilma Macêdo, que também assumem a produção do projeto. Já a direção musical é de Viva Varjão. Com uma composição cenográfica, que trará uma grande passarela-picadeiro, o evento contará com acessibilidade em Libras.
Ocorrerá ainda um grande desfile com as artistas e mestras do Circo homenageadas na noite: Maria José Aurora Calado, a Dona Zeza, fundadora ao lado do marido do Circo Marco Polo; Valnice Augusto Nascimento, mais conhecida como Baianinha; a Dona Cida, Maria Aparecida França, nascida no circo e fundou o Circo Dallas; Norma Sueli Cardin dos Santos, fundou o Circo Jamaica junto com o seu marido na década de 1980; Jucineide Conceição Silva, a Dona Neide, que cresceu no Circo e foi contorcionista, trapezista,fez força capilar e uma excelente rumbeira.
Outra homenageada é Maryanne Dultra B. Galinski, ou somente Meire Galinski, fundadora do Ponto de Cultura Escola Circo do Capão, companheira do mestre de acrobacia Jean Paulo Galinsk (Paolo); Mestra de cena, escada copal, rumba e atualmente administradora do Circo Starlone, a artista circensa Francineide Queiroz é outra mestra homenageada; Com 62 anos de história no circo, Maria Lucia Cardoso Silva, hoje com 77 anos, também terá sua história celebrada.
A Mulher do Circo – Bahia evidencia ainda a vida e obra de Odre Consiglio, estrela do Circo Garcia e atuou como atriz circense, dançarina, coreógrafa, figurinista, performer em pirofagia, dança com a serpente, partner de mágico e domador, chicotes, trapezista, pole dance e bambu. O projeto vai homenagear também Katia Neide, artista com mais de 40 anos de Circo. Outra mestra é Marlete Fernandes, nascida e criada no circo fez corda, trapézio, contorção, comédia, drama e hoje administra junto com o filho o Circo Big Brother.
Além das mestras, diversas artistas circenses também farão parte desta celebração. Teremos trapezistas equilibristas, malabaristas, acrobatas. Todas mulheres do circo tanto da capital como as que itineram pela Bahia e mundo afora. Muitas delas integram o elenco do espetáculo d’A Noite do Tapete Vermelho: Ninha Almeida, Iracema Lima, Carol Guedes, Julie Kappa, Jéssica Rodrigues, Andressa Fernandes, Lara Böker, Luisa Bocca e Larissa Uerba (ambas do Nariz de cogumelo), Pauline Zoe, Hellem Shenayder, Nina Porto, Nana Porto, Luana Tamaoki Serrat, Wilma Macedo e Verônica Tamaoki.
Revista
“A Mulher do Circo – Bahia” tem como inspiração projeto desenvolvido pelo Centro de Memória do Circo (CMC), de São Paulo, com o intuito de preservar a rica história do circo no Estado, destacando o papel fundamental desempenhado pelas mulheres nesse setor. “Por meio da celebração de suas conquistas, esperamos inspirar futuras gerações no mundo circense, honrando e valorizando a herança cultural feminina do circo da Bahia”, destaca Verônica Tamaoki, idealizadora do projeto e coordenadora do CMC (São Paulo). Vale destacar que, Verônica é a criadora ao lado de Anselmo Serrat do Circo Picolino, picadeiro que é patrimônio cultural da capital baiana.
Além da noite comemorativa, o projeto A Mulher do Circo – Bahia irá lançar em dezembro de 2024 uma revista que reúne mulheres de diferentes gerações, formações e modos de produção circense. Nesta primeira edição, a publicação – que terá versões impressa e virtual – irá trazer artigos sobre temas relacionados ao universo feminino circense, entrevistas e perfis sobre as artistas homenageadas. A direção de pesquisa e responsável pela linha editorial da revista é de Verônica Tamaoki. Já o projeto gráfico é de Virgínia Yoemi Fujiwara, designer que faz parte da história do Picolino, desenhando algumas das marcas que imortalizam este Circo.
Para Luana Tamaoki Serrat, o projeto “A Mulher Circo – Bahia” chega em um momento de reinvenção e renovação do próprio Circo Picolino, com uma gestão majoritariamente feminina. “A mulher teve um papel fundamental na Picolino, foi através da paixão pela minha mãe, Verônica Tamaoki – que fazia parte na década de 1980 da primeira escola de circo do Brasil, a Piolin -, que meu pai se apaixona pelas artes circenses e ao lado dela faz do Circo a sua vida”, conta a atriz circense.
Ela pontua que “estamos coroando cada mulher que fez do Circo sua vida e obra, pois foram e são muitas”. “É interessante que, hoje, temos essa gestão formada em grande parte por mulheres; há pouco tempo, depois de quatro meses com o Circo a céu aberto, chegou a nossa nova lona, de cor rosa fuccia, que tem chamado bastante atenção de quem passa pela orla de Salvador. É um momento de celebrar, homenagear, cuidar e fortalecer as mulheres do Circo, pois sabemos o quão foi duro para muitas delas existir e resistir”, pontua Luana.
O Salto
Integra ainda a programação do projeto, no dia 27 de agosto, às 19h, o solo circense O Salto, da aramista e performer Ninha Almeida, com direção de Lucas Mariani e uma equipe de profissionais situados na Chapada Diamantina. A obra a ser apresentsda no Circo Picolino, inspirada no território do Vale do Capão /Caeté-açu – Palmeiras/Bahia, conta sobre as memórias de infância da artista, uma vida simples no cenário da zona rural.
O público, de todas as idades, é envolvido por composições cênicas, interações com música, teatro, dança e técnicas circenses, com foco no equilíbrio em Arame. Ninha Almeida resgata a história local, conecta com o presente, emociona e provoca gargalhadas. A entrada é com valor acessível de R$20 (inteira) e R$10 (meia).
O projeto “A Mulher do Circo – Bahia” foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
Leia também: Se regulação não der conta, eu acabo, diz presidente Lula sobre bets