Famílias moradoras de comunidades rurais do Norte da Bahia, região afetada pela seca prolongada, consolidaram em 2016 a produção de mel e a criação de peixes como alternativas de trabalho e renda. Elas foram estruturadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), por meio de sua 6ª Superintendência Regional sediada em Juazeiro, com maquinários, equipamentos e acessórios, além de capacitações que as habilitam a exercer as atividades.
Os investimentos somam cerca de R$ 700 mil, recursos do Orçamento Geral da União destinados à Codevasf por emendas parlamentares e de destaque orçamentário do Ministério da Integração Nacional por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR).
A apicultura envolve hoje mais de 700 famílias beneficiadas. Os kits apícolas implantados pela Codevasf são compostos por colmeias, melgueiras, suporte, cera, equipamentos de proteção individual, carretilha manual, formão e fumigador. As capacitações foram ministradas para 574 pessoas nos municípios de Campo Alegre de Lourdes e Pilão Arcado por meio de parceria com o Sindicato Rural de Remanso e da mobilização de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural na Bahia.
“Além do treinamento para a atividade apícola, as capacitações também fortalecem a consciência ambiental, já que a apicultura necessita de áreas preservadas e de espécies vegetais que produzam flores atrativas às abelhas”, destaca o analista em Desenvolvimento Regional da Codevasf em Juazeiro, Everaldo Cavalcanti.
Em 2017, as famílias beneficiadas continuarão a receber capacitações em apicultura básica e visitas da equipe de apoio técnico para acompanhamento da implantação e manejo dos apiários. De acordo com o superintendente da Codevasf em Juazeiro, Misael Aguilar Neto, a ação de inclusão produtiva deverá ter continuidade este ano com a implantação de kits remanescentes, beneficiando famílias em situação de pobreza cadastradas e inscritas no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
Piscicultura artesanal e familiar
Nos municípios de Juazeiro, Sobradinho, Casa Nova e Sento Sé a Codevasf investiu na diversificação da produção rural por meio da piscicultura artesanal e familiar: além de investir cerca de R$ 500 mil em tanques-rede, ração e materiais, a Companhia realizou a soltura de 120 mil alevinos de tilápia e tambaqui em pequenas barragens e açudes, como também em projetos de piscicultura para criação de peixes em viveiros escavados e tanques-rede.
A informação é do engenheiro de pesca Luciano Rocha, chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Juazeiro.
Como resultado da ação, a produção de tilápia cultivada no lago de Sobradinho em 2016 foi de aproximadamente 1,6 mil toneladas de peixe, gerando cerca de 150 postos de trabalho diretos e 600 indiretos, e uma receita bruta anual de mais de R$ 11 milhões. Os recursos que viabilizaram a aquisição de tanques-rede foram do Orçamento Geral da União destinados à Codevasf por emenda parlamentar.
As comunidades dos três municípios do semiárido baiano beneficiadas com a ação receberam no ano passado a visita de uma missão técnica da Universidade de Auburn (EUA), que também esteve em Remanso, Pilão Arcado e Paulo Afonso (BA), em Petrolândia e no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Bebedouro, em Pernambuco.
O objetivo da missão foi conhecer e realizar diagnóstico sobre o potencial de pesca e aquicultura das regiões do Submédio São Francisco – especialmente dos reservatórios de Sobradinho, Itaparica, Moxotó e Xingó -, e do Baixo São Francisco; e montar protocolo de indução da reprodução, desova e larvicultura do pirá, considerado um peixe-símbolo do Velho Chico.
De acordo com o secretário da Associação de Produtores de Peixe de Sobradinho, Silvio Alcântara, “esse investimento foi de extrema importância para o desenvolvimento da associação. Tivemos um ano bastante produtivo, sempre contando com o apoio da Codevasf”, destacou.