Genuinamente baiana, a Amvox – indústria montadora de produtos eletroeletrônicos – vive seu momento de glória impulsionado pela pandemia. Entre os anos retrasado e passado dobrou sua capacidade fabril, cresceu 67% em 2020, mais 32% em 2021 e, de lá para cá, tomaram uma proporção surpreendente. Tanto que alavancou 300% nas vendas da linha do lar.
Nacionalmente conhecidos, são líderes de mercado, como aponta a empresa de pesquisa GFK, nas linhas de caixas e torres acústicas, que são os carros-chefes. Mas no ano passado, após um logo planejamento, expandiram o mercado de atuação e investiram na linha lar, com produtos como o air fryer, cafeteira elétrica, forno, churrasqueira elétrica, e diversos outros itens que compõe a cozinha.
Também comercializam climatizadores, que regulam a temperatura do ambiente em até seis graus para dar uma sensação mais agradável, principalmente nas regiões secas. “Continuamos na liderança da linha áudio, mas entramos com tudo nos eletrodomésticos. Tudo isso faz parte do nosso plano de expansão, que passa pelo aumento do parque fabril e do investimento em material logístico e internos, com investimento de quase R$ 2 milhões em porta-palets para este ano. Estamos renovando e ampliando a nossa capacidade logística e a capacidade de armazenagem em 2,5 vezes, porque temos investido em produtos cada vez maiores, que ocupam mais espaço”, conta o CEO da Amvox Guilherme Santos.
Depois de um avanço estrondoso nos anos anteriores, a projeção de crescimento para 2022 é um pouco menor. “Devemos crescer em torno de 25%. E ainda é um crescimento robusto diante desse momento da economia, com os altos preços de combustível, de frete internacional, tudo isso impacta muito nosso negócio”, observa o CEO.
Guilherme Santos ainda diz que por trabalhar com produtos importados, já que trazem desmontados da China, a maior dificuldade é o câmbio. “O comércio internacional afeta em tudo. Impacta no câmbio, mas também na falta de container vindo para o Brasil, que ainda está demorando muito. O que antes durava 40 dias, entre final de 2020 e 2021 estava durando 120 dias. Além do preço do frete que era de 2 mil dólares e chegou a 14 mil dólares no meio da pandemia. Hoje chegou à faixa de 7,5 mil dólares. Ainda está caro e escasso. Isso tudo afeta as vendas porque tem produtos faltando e, por consequência, o preço sobe, os custos de transportes sobem e refletem no valor dos produtos para o consumidor final”, explica.
Lives na pandemia
Guilherme lamenta os efeitos da pandemia e “toda tragédia vivida no mundo”, mas conta que em relação ao negócio, a crise sanitária, que levou ao fechamento do comércio e isolamento social fez surgir muitas possibilidades para a empresa. Segundo ele, o investimento pesado em marketing e na realização de lives em parceria com renomados artistas, foram cruciais para o crescimento da Amvox.
“Fizemos mais de 90 lives em 2020, com todo tipo de artista, como Wesley Safadão, Ivete Sangalo, Claudinha Leite, Bruno e Marrone, e a live de Dennis DJ, no Cristo Redentor, Rio de Janeiro, que foi o maior sucesso. Tivemos um crescimento muito bom com tudo isso. Mudamos nossa estratégia de negócios e, quando veio o lockdown reunimos nossos gestores para pensar em soluções. Mesmo no momento difícil resolvemos investir e quando tudo começou a abrir, já tínhamos produtos que nossos concorrentes não tinham. Fizemos bem o dever de casa, conta Santos.
História
De acordo com o CEO, Guilherme Santos, a história da Amvox tem início há 31 anos quando seu pai, Antônio Moisés começou a importar produtos de São Paulo. O baiano, natural de Itabuna, tinha um comércio de material de construção, mas ficou de olho no avanço do mercado de eletroeletrônicos e, visionário que é, assumiu os riscos, aumentou a potência e mudou o rumo dos negócios para entrar na área de importação de eletrônicos.
Em 2003 surgiu a Amvox, uma marca própria que, inclusive, carrega as iniciais do nome de seu fundador. Nessa época, os irmãos Guilherme Santos e Antonio Flávio Santos começaram a trabalhar com o pai e, final de 2005, deram uma alavancada na marca, decidiram viajar para a China e foram em busca de qualidade de produtos e de fornecedores.
“A China é nosso principal fornecedor e temos parceria de longas datas. Meu irmão entrou com a sua experiência em marketing e é nosso diretor. Eu era da diretoria comercial e administrativa, mas meu pai precisou se afastar e, no ano passado, assumi a presidência. Meu pai nos ensinou tudo e nos fez passar por todos os setores, eu e meu irmão. Passamos da produção até atendimento ao cliente. Hoje, meus pais são nossos consultores”, conta Guilherme. A planta fabril da indústria 100% baiana tem mais de 12.000 m² e está situada na cidade de Camaçari-BA, onde são montados mais de um milhão de produtos por ano.
Guilherme Santos assumiu o cargo de CEO da Amvox após 11 anos como diretor comercial e participação ativa na empresa desde 2006. “Acompanhei de perto a criação e toda a história da Amvox e aceitei o desafio de dar sequência ao trabalho feito até agora, com a missão de investir na governança e na valorização do negócio, com novas tecnologias e melhorias de processos e ferramentas”, diz. A diretoria conta ainda com Antonio Flávio Santos, irmão de Guilherme, como diretor de operações, e Valdir Scoriza, diretor financeiro.