Mesmo sinalizando aos sindicatos de que não haverá demissão em massa, as entidades trabalhistas estão apreensivas e esperam pelo pior das Americanas. Ao BadeValor, o presidente do Sindicato dos Comerciários de Salvador, Renato Ezequiel de Jesus disse que a notícia do rombo foi um baque muito forte para todos os sindicatos representativos dos trabalhadores da empresa.
Isso porque, só na Bahia são, aproximadamente, 110 lojas com uma média de 50 trabalhadores, ou seja, cerca de 5,5 mil funcionários estão com os seus empregos ameaçados. “Estamos buscando uma solução, na Bahia e em todo o país, junto às centrais sindicais e aos sindicatos representativos para definirmos o que fazer diante desta grave situação”, revela Renato.
Para ele, esse é um momento delicado que pode, inclusive, afetar a saúde dos trabalhadores da empresa, causando diversas doenças, a exemplo de depressão, ansiedade, estafa, entre outras. “O pior é que são pais e mães de famílias que deram 10, 20, 30 anos das suas vidas pelo crescimento da empresa. Quando ouvimos o noticiário sobre a realidade da companhia foi uma tristeza enorme, até porque parecia sólida no mercado e de repente aparece com um rombo de 43 bilhões, podendo deixar 44 mil trabalhadores e trabalhadoras desempregados. É muito triste”, lamenta o dirigente.
Enquanto está tudo incerto sobre os rumos que a empresa irá tomar, os sindicalistas estão vigilantes em todas as manobras. “Fizemos manifestações em todo o país na sexta-feira (03). Queremos, sim, preservar todos os empregos e os direitos dos trabalhadores, além de buscar a punição dos culpados pela retirada de tanto dinheiro das contas da empresa. Estamos atentos e unidos”, completa Renato.
A descoberta de inconsistências contábeis no balanço fiscal do grupo Americanas, no começo de janeiro, resultou no pedido de demissão do presidente Sérgio Rial e do diretor de relações com investidores André Covre. Eles tinham sido empossados havia pouco mais de uma semana, mas anunciaram a decisão de deixar os cargos ao estimar um rombo de R$ 20 bilhões na empresa.
A notícia gerou uma queda imediata de mais de 70% nas ações da Americanas cotadas na Bolsa de Valores. Na petição de recuperação judicial apresentada ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o grupo calcula que as inconsistências contábeis devem elevar as dívidas para um montante em torno de R$ 40 bilhões.