A Engie Brasil Energia (EGIE3) registrou lucro líquido ajustado de R$3,421 bilhões no ano de 2023, crescimento de 23,8% quando comparado a 2022, em razão do maior resultado de participação societária na TAG, da maior participação do segmento de transmissão e pela recuperação de custos relativos à repactuação do risco hidrológico, atenuada pela menor contribuição do segmento de geração, devido à venda da UTE Pampa Sul, além da melhora no resultado financeiro líquido entre os períodos.
O Ebitda ajustado foi de R$7,270 bilhões, aumento de 4,7%. Considerando os efeitos não recorrentes de impairment líquido, alienação de subsidiária e indenização de seguros, o Ebitda aumentou R$495 milhões (7,3%) entre os anos, passando de R$6,790 bilhões em 2022 para R$7,285 bilhões em 2023.
Os resultados refletem as conquistas de 2023, que marcará a história da Engie como o ano no qual foi concluída com sucesso a saída das operações a carvão. “Após investir mais de R$ 22 bilhões na expansão em renováveis e transmissão, nos últimos oito anos, fomos alçados à posição de maior gerador 100% renovável do país e não pretendemos parar. São números impressionantes: de 3,7 GW de capacidade de geração hidrotérmica, em 1998, para 8,3 GW de capacidade de instalada própria, 100% renovável e com ampla diversificação de fontes”, comenta Eduardo Sattamini, diretor-presidente da Engie Brasil Energia.
Expansão
Em 2023, a Companhia investiu R$2,854 bilhões, dos quais R$981 milhões só no último trimestre. O Conjunto Eólico Santo Agostinho recebeu R$1,067 bilhão, enquanto Serra do Assuruá teve o aporte de R$1,051 bilhão ao longo do ano.
No 4T23, entraram em operação comercial 25 unidades geradoras do Conjunto Eólico Santo Agostinho, o qual somou, ao fim de 2023, 33 aerogeradores operando comercialmente e outros 22 em teste. Neste início de 2024, outros 20 iniciaram a operação comercial, com isso, 53 aerogeradores, de um total de 70, já estão operando comercialmente em Santo Agostinho (base 27/02).
“Temos buscado contribuir proativamente com a mudança, para que todo o potencial do Brasil em gerar energia acessível, competitiva, confiável e sustentável se concretize e impulsione o desenvolvimento socioeconômico nacional. Seguimos acreditando que o país representa um agente relevante à economia de carbono neutro global. Nossa previsão é investir, cerca de R$14 bilhões até 2025, em conjuntos eólicos e fotovoltaicos, além de um novo sistema de transmissão”, acrescenta Sattamini.
Em geração, a Engie tem previsão de iniciar a operação comercial gradual, a partir do segundo semestre de 2024, do Conjunto Eólico Serra de Assuruá, na Bahia, e do Conjunto Fotovoltaico Assú Sol, no Rio Grande do Norte – ambos com conclusão prevista para o final de 2025.
No segmento de Transmissão, o projeto Gavião Real, complementar ao Sistema de Transmissão Novo Estado, atingiu 81,9% de avanço de obras. Já o Sistema de Transmissão Asa Branca, que passará pelos estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, teve os principais contratos de serviços, equipamentos e materiais assinados, e tem previsão de antecipação de entrada em operação de pelo menos 24 meses.

Receita e comercialização de energia
A receita operacional líquida atingiu R$ 10,748 bilhões em 2023, 9,7% abaixo do montante apurado em 2022. Essa variação foi reflexo, principalmente, da redução na receita com contratos de venda de energia nos ambientes regulado e livre, resultado da combinação das variações de quantidade de energia vendida e do preço médio líquido de vendas; redução na remuneração dos ativos financeiros de concessão correspondentes à parcela do pagamento pela outorga das concessões das Usinas Hidrelétricas Jaguara e Miranda referente à energia destinada ao Ambiente de Contratação Regulada. Ainda, queda nos segmentos de transmissão e trading. Esses efeitos foram parcialmente atenuados pelo acréscimo nas transações realizadas no mercado de curto prazo.
O preço médio dos contratos de venda de energia, líquido dos tributos sobre a receita e das operações de trading, foi de R$ 226,42/MWh em 2023, valor 1,6% superior ao praticado em 2022. “Seguimos com a estratégia de comercialização gradativa da energia disponível, para mitigar o risco de exposição ao preço spot”, indica Sattamini.
No acumulado do ano, os consumidores livres (com exceção de CCEE e outras receitas) representaram 41,4% das vendas físicas, aumento de 0,3 p.p., e 37,2% da receita operacional líquida, 0,2 p.p. menor quando comparado a 2022. A estabilidade da participação dos consumidores livres se deve ao menor volume de compras e consequente menor volume disponível para venda a esse nicho de mercado.
“A abertura do Mercado Livre de Energia para empresas conectadas à rede de média e alta tensão, a partir de janeiro de 2024, reforçará nosso propósito, permitindo contribuir com a descarbonização de um número cada vez maior de clientes. Confiante na expansão desse mercado, cujo consumo cresceu 10% em 2023, a Companhia mantém seu ritmo de investimentos, atenta ao cenário setorial, o qual tem evidenciado a necessidade de ajustes regulatórios em nosso ambiente de negócios”, conclui.
ESG
A Engie Brasil Energia permanece integrando o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – pelo 19º ano consecutivo, atingindo o 5° lugar geral e a melhor colocação entre as empresas do setor elétrico – e o Índice de Carbono Eficiente (ICO2), pelo quarto ano seguido, ambos da B3. A Companhia ainda foi listada, pela primeira vez, no S&P Global Sustainability Yearbook 2024, no setor de Electric Utilities. Dentre as 199 empresas do setor elétrico mundial avaliadas, apenas 24 compõem a publicação (12% do total).
Outro destaque do período é o avanço de “B” para a classificação “A-” no CDP Climate Change 2023, em seu segundo reporte individual realizado. O questionário de mudanças climáticas avalia aspectos como governança, estratégia e gestão de riscos e oportunidades.
No que tange à governança, a ENGIE recebeu o Selo Pró-Ética 2022- 2023, oferecido pela Controladoria-Geral da União (CGU) em parceria com Instituto Ethos, em reconhecimento às empresas que adotam boas práticas de ética, transparência e integridade na gestão de seus negócios.
Dividendos
Foi aprovada pelo Conselho de Administração a proposta de distribuição de dividendos obrigatórios e complementares no valor de R$994,5 milhões (R$1,2188/ação), a ser ratificada pela Assembleia Geral Ordinária. Assim, os proventos de 2023 totalizam R$1,907 bilhão (R$2,3368/ação), atingindo 55% de payout e dividend yield de 5,6%.
Desempenho de ações
No 4T23, as ações da Engie Brasil Energia registraram valorização de 9,9%. O Índice do Setor de Energia Elétrica (IEEX) e do Ibovespa cresceram 11,1% e 15,1%, respectivamente. No acumulado de 2023, o desempenho do EGIE3 superou os índices supracitados, acumulando valorização positiva de 28,2%, frente aos 21,0% do IEEX e 22,3% do Ibovespa.
No último pregão de dezembro de 2023, as ações da Companhia encerraram cotadas a R$45,33/ação, o que confere valor de mercado de R$ 37,0 bilhões.
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