A invasão de calçados asiáticos, especialmente da China, está exercendo uma pressão crescente sobre a indústria calçadista da Bahia. Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações baianas caíram 13,9%, totalizando 2.476.335 pares de sapatos. O faturamento, por sua vez, registrou um recuo mais modesto de 2,7%, alcançando US$57,355 milhões. Essa diferença nas taxas de queda se explica pelo aumento no valor médio dos calçados exportados, que subiu de US$20,49 para US$23,16 por par. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Os dados da Abicalçados apontam que, entre janeiro e agosto, as exportações de calçados somaram 63,87 milhões de pares e US$ 654,78 milhões, quedas tanto em volume (-22,4%) quanto em receita (-20,4%) em relação ao mesmo período do ano passado. O cenário é diferente nas importações de calçados, que no mesmo período somaram 23,94 milhões de pares e US$ 300,44 milhões, incremento de 12,1% em volume e queda de 5,1% em receita no comparativo com intervalo correspondente do ano passado.
Conforme a Abicalçados, o aumento das importações e a queda das exportações resultaram em queda de 30% no saldo da balança comercial do setor.
“Em agosto, tivemos uma queda brusca no volume exportado para a Argentina (-30,8%), que é nosso segundo principal destino no exterior e que vem puxando as exportações brasileiras de calçados para baixo”, comenta o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. “Estamos vivendo um período de baixo consumo internacional. E este consumo menor vem sendo absorvido pelos produtores asiáticos, em especial da China, que depois das rígidas políticas para contenção da Covid-19 voltou ao mercado de forma bastante agressiva”, explica o dirigente.
Importações
O Brasil importou 23,94 milhões de pares de calçados no mesmo período, com a China respondendo por 7,75 milhões desses pares. O preço médio dos calçados chineses importados é alarmantemente baixo, apenas US$3,50 por par. Essa disparidade de preços coloca a indústria local em uma posição vulnerável.
Com o mercado inundado por calçados chineses a preços imbatíveis, a competitividade da indústria baiana está sendo severamente afetada.
A ameaça é real e o impacto negativo pode comprometer a sustentabilidade e o crescimento do setor calçadista na Bahia, além de colocar em risco milhares de empregos e o futuro econômico da região.
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